Não foi apenas a pressão do PMDB que derrubou Cid Gomes do Ministério da Educação. A presidente Dilma decidiu demiti-lo tão logo soube do circo que o então ministro armou na comissão geral na Câmara. Dilma o orientou a se desculpar, mas Cid não seguiu a ordem. O líder do PT, José Guimarães (CE), telefonou para o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) e avisou: ‘A coisa degringolou aqui’. Pepe levou a Mercadante (Casa Civil) e este a Dilma, que ficou furiosa. Cid foi convocado ao Planalto assim que desceu da tribuna, entrou sorrindo e confiante no gabinete presidencial, e saiu visivelmente abatido.
Ingenuidade ou ataque
Foi equivocada a ideia do ministro de peitar Eduardo Cunha para agradar à presidente Dilma, em razão de o presidente da Câmara ser persona non grata no Palácio.
Vem de longe a ira dos irmãos Gomes com Cunha, e vice-versa. Quando deputado, Ciro Gomes atacou o peemedebista em plenário. Eduardo guardou aquilo e se vingou.
O episódio: Cunha arregimentou apoio para obstruir uma votação pró-governo. Irado, Ciro disse que ele fazia aquilo porque não conseguira alguma negociata com o Palácio.
Maior bancada da Câmara e respaldada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (RJ), o PMDB avisou ao Planalto para nem soprar a oferta do MEC para indicação de ministro. Quem garante é o líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ): ‘A bancada não quer o Ministério, não quer ficar com a pecha de fisiologista’.
Já a bancada do PMDB do Senado, comandada pelo presidente Renan Calheiros (AL), força o Planalto a ceder o Ministério da Integração para o partido, hoje nas mãos do famigerado PP, cuja metade da bancada na Câmara está na lista do Petrolão.
.. anda perto do Poder. O ex-governador do DF José Roberto Arruda, que abdicou da candidatura ao governo por causa da Ficha Limpa, tenta oferecer os préstimos do PR ao governador eleito Rollemberg (PSB).
Marta Suplicy deve receber hoje em jantar a turma do PSB em São Paulo para festejar. E oficializar os primeiros passos para entrar pelo partido. No PMDB não há clima.
Paulo Coelho reuniu amigos no seu aniversário em Santiago de Compostela. Entre eles a ministra do TCU, Ana Arraes, com o filho escritor Antonio Campos.
Sobram ministros da Fazenda no Governo Dilma. Tem o do cargo, Joaquim Levy, e os extra-oficiais Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), que adoram dar entrevistas e palpites na condução da política econômica
O pacote anticorrupção ainda é comemorado pela sociedade mas continua a incomodar as categorias de servidores que atuam na fiscalização. Após os delegados federais pedirem mais interlocução com a Justiça, os auditores da CGU decidiram falar.
A Associação Nacional dos Auditores Federais de Controle Interno da CGU, com 300 profissionais, solta nota hoje. Reivindica contratações – na ativa estão menos da metade de auditores de anos atrás – e maior orçamento para o órgão, hoje em R$ 80 milhões.
Enquanto Cunha e Renan Calheiros atacam o Palácio, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) afaga. Mais calmo há dias, com a retirada dos sem-terra de sua fazenda, Eunício se cacifa como o interlocutor da presidente Dilma no Congresso e no PMDB.
Os deputados retomaram o otimismo. Há muitos anos não se acham valorizados. O presidente Cunha tem cumprido o que prometeu na campanha – até para adversários.
E a Casa estava lotada ontem à noite, o que não acontecia há muitos anos numa quinta fria de Brasília.
Mas Casa cheia não quer dizer que a turma anda trabalhando muito – e bem. Olho neles!
Com equipe DF, SP e Nordeste