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| Em 4 anos atrás

“Churrasco do Tchê”: conheça o gaúcho que ganhou o coração e o estômago de Bolsonaro

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Quando o gaúcho Joas do Prado saiu de Santo Ângelo, no interior do Rio Grande do Sul, para a distante Belém, no Pará, não imaginava que seu futuro estaria na gastronomia. Queria mesmo ser piloto de avião. “Faltou dinheiro e eu comecei a fazer churrasco para pagar o curso que eu concluí. Hoje eu me formei piloto de avião, mas o churrasco ele deu uma guinada e com olho de empreendedor, eu foquei no churrasco.”

Também jamais imaginava que cruzasse em seu destino o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). No último domingo (09/05), ele – que já era conhecido por ser “churrasqueiro dos artistas” – ganhou espaço na imprensa nacional e teve seu rosto estampado em praticamente todos os lugares após publicar uma foto no Palácio da Alvorada, ao lado do capitão da reserva. Eles mostravam um presente que o dono do Frigorífico Goiás dava, por meio de Tchê, ao presidente: uma picanha wagyu. 

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Aquele pedaço que Bolsonaro segurava é vendido nos poucos açougues que dispõem da peça aos miséros R$1.799,99. A carne é da raça Wagyu, originária do Japão. Wa significa Japão e gyu é gado. Portanto, gado japonês. A fama da marca e da raça mexem com o imaginário dos churrasqueiros. Quem reuniria amigos para queimar uma carne com esse preço na brasa? Claro, os muito ricos. E um presidente da República. Mas foi um presente e a repercussão deixou Tchê, como é conhecido, chateado.

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Tchê e Bolsoanro segurando peças da picanha picanha wagyu, vendido a R$1.799,99. Foi presente (Foto: Instagram/Tchê)

“O presidente é gente como a gente. Eu fui ali em Brasília que é pertinho, não tinha muito gasto. Levei uma carne para ele que foi presente, pô. Não tem nada a ver. Um churrasco normal, um custo mínimo do mínimo. O presidente é gente da gente, pessoa do povo, ele faz economias. Ele tem economias que ele faz que nenhum presidente fez até hoje. Eu acho que se ele tivesse que comprar essa carne e tirar do bolso dele, ele não compraria, na minha opinião. Ele compraria uma carne mais básica, tradicional que todo o mundo consegue comprar também, mas como foi presenteado… Você não aceitaria um presente desses?”, indagou em entrevista ao Diário de Goiás. Foi presente e está tudo certo. 

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Tchê ao lado da primeira-dama, MIchelle Bolsonaro

Mas antes de se tornar o churrasqueiro do presidente, Tchê se tornou o “churrasqueiro dos artistas” como se apresenta. Em uma rede social que está bastante ativo, no Instagram, ele esbanja fotos e vídeos com vários artistas. Mas foi com Wesley Safadão quem teve o primeiro contato com um famoso. 

“Certa vez teve um show do Safadão em Salinópolis no Pará e eu dei a ideia para o contratante do show que é o Antônio Filho para fazermos um churrasco no camarim do Safadão e eu acabei ficando amigo do Safadão, não só dele, da produção e sempre que o Safadão ia no Pará, nós faziamos churrasco no Camarim com ele e através disso eu comecei a conhecer vários artistas do segmento fazendo churrasco no Camarim dos artistas e automaticamente virei o Churrasqueiro dos Artistas através da oportunidade que o Safadão me deu”, destacou.

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A partir dali, “a porteira abriu”, como diria o goiano. “Matheus e Kauan, Naiara Azevedo, Felipe Araújo, Maiara e Maraísa, Gustavo Lima, Leonardo, Kleber e Cauan, Fernanda Costa, já fiz churrasco para toda essa galera da pesada. Além de fazer churrasco, a gente faz amizade né?”.

Mas engana-se quem pensa que ele só faz churrasco para os famosos. “Tem muitas pessoas que acham que eu só asso churrasco para os artistas e o presidente. Eu asso churrasco para todas as pessoas. Classe média, baixa, alta. Eu tenho um orçamento de vários preços, vai depender da qualidade da carne. Asso para famosos e para anônimos. Atendo todas as pessoas. O valor do churrasco é o mesmo para todos, vai mudar a qualidade da carne”, cravou.

Ele garante que conquistou o coração de Bolsonaro. “Com certeza, conquistei pelo meu carisma, profissionalismo e pela conversa que a gente sempre tem. Pela minha alegria de proporcionar momentos de confraternização, alegria e distração. Conquista não só o presidente como o dos artistas e de clientes de todas as classes. Quem me conhece, pensa, ‘vou fazer um churrasco, vou chamar o Tchê’”, destaca.  O próprio presidente fez questão de gravar um vídeo parabenizando-o pelo seu aniversário.

E se Lula o contratasse para um churrasco, iria? “Teria de ver se eu tenho agenda, se eu tiver agenda…”, despista.

Leia os principais trechos da entrevista:

Encontro com Bolsonaro

Lá no presidente Bolsonaro tinha só 10 pessoas. Não tinha 10 pessoas. Área arejada, álcool em gel, as pessoas estavam se cuidando. A churrasqueira e parte das comidas estão afastadas. Não tinha aglomeração lá.

O presidente é gente como a gente. Eu fui ali em Brasília que é pertinho, não tinha muito gasto. Levei uma carne para ele que foi presente, pô. Não tem nada a ver. Um churrasco normal, um custo mínimo do mínimo. O presidente é gente da gente, pessoa do povo, ele faz economias. Ele tem economias que ele faz que nenhum presidente fez até hoje. Eu acho que se ele tivesse que comprar essa carne e tirar do bolso dele, ele não compraria, na minha opinião. Ele compraria uma carne mais básica, tradicional que todo o mundo consegue comprar também, mas como foi presenteado… Você não aceitaria um presente desses? Como você não vai aceitar uma carne de fora do país, diferenciada, no valor um pouco mais cara. Você vai ter a curiosidade de provar essa carne, como ele teve. Hora que ele viu ele falou: “Nossa, é um presente? Então vamos fazer ela” e fizemos o churrasco.

Repercussão da foto

Cara, eu fiquei assim muito chateado porque falaram aí que o presidente pagou uma carne de 1.799 reais. Na verdade é o seguinte, essa carne existe nesse preço, ela é esse preço mesmo. Mas ele não pagou, foi um presente de um parceiro meu, que é o Frigorífico Goiás aqui de Goiânia que é apoiador do presidente, quando eu comentei que ia lá, ele falou para eu levar uns presentes pro presidente. Ele me deu essa carne e eu levei de presente, não foi nada comprado. Eu não paguei essa carne, nem o presidente. Eu levei de uma pessoa que era a favor do presidente. Essa carne realmente é cara mas ele não pagou por ela. Foi a única coisa que eu não gostei, mas a repercussão foi muito boa, né? Andar com o presidente, ter essa honra, para mim é um orgulho e uma honra servir o presidente da República, a maior autoridade do Brasil, gente da gente, come um churrasco como todo mundo come, um bom churrasco, é uma honra para mim estar lá.

Carne diferenciada

Com essa repercussão agora, meu rosto saindo com o presidente em todas as páginas do Brasil e acabei ficando um pouco mais conhecido. Mas não era essa intenção, a intenção era presentar o presidente com uma carne de alta qualidade, uma carne diferenciada. E como ele ganhou de presente, que ele gostou muito, a carne do mito, com uma foto dele, ele para agradecer a pessoa que mandou tirou uma foto. Tiramos a foto para retribuir o presente. Só que acabou tendo essa repercussão, infelizmente. 

Visita ao Frigorífico Goiás

Ele falou assim: “Cara, que legal que ele tem essa carne para vender no açougue dele. Inclusive, eu quero fazer uma visita no Açougue”, ele pediu o endereço e os dados da empresa para fazer uma visita o dia em que ele vir em Goiânia agradecer o presente e a homenagem. Ele ficou muito feliz. Eu até perguntei para ele se ele não queria guardar a carne para uma outra hora e ele me disse que podia fazer na hora para a Michele, pro médico, o irmão dela que estavam lá. Foi um presente que ele ficou muito honrado em tê-lo.

Cara, pode ter certeza. Eu passei todos os dados. Quando ele vier em Goiânia, provavelmente ele vai lá para o Frigorífico conhecer. Ee é humilde, ele é gente da gente, você vê nas redes sociais, ele indo visitar os bairros, come na casa das pessoas, toma café na casa das pessoas. Ele é aquilo ali, ele é daquele jeito, na casa dele é daquele jeito. Uma pessoa humilde, é a principal pessoa do Brasil e ganhou um presente que é uma carne diferenciada que ficou feliz e retribuiu com uma foto que eu postei, autorizada por ele, foi uma retribuição. 

Churrasco com primeira-dama

Através dos artistas a gente tem a força do mundo artístico, de shows e produções. Através disso, a assessoria da primeira-dama Michelle Bolsonaro, acabaram me conhecendo e me convidaram uma vez há um tempo atrás para fazer um churrasco lá no Alvorada onde eu conheci o presidente e a partir de lá, a gente teve uma aproximação, nos tornamos amigos e algumas vezes eu sou convidado para fazer churrasco para eles. Através dessa visibilidade que os artistas me deram e das pessoas comentarem que é alta a qualidade que o churrasco é diferenciado. A partir disso, chamou atenção deles, eles gostaram e porque não quando forem fazer um churrasco, não chamar o Tchê, né?

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.