O presidente do IBGE, Roberto Olinto, voltou a defender nesta quarta (21) a produção de dados do instituto e afirmou que nunca houve interferência do ex-presidente Paulo Rabello de Castro nos resultados das pesquisas econômicas. Ele classificou como “besteiras” as críticas feitas pelo mercado a mudanças no cálculo de indicadores.
O IBGE foi questionado por revisões feitas na PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) e na PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), que acabaram causando mudanças importantes nos números no início de 2017. Para os críticos, a revisão teria inflado o PIB do primeiro trimestre.
“Este foi um ano bastante desagradável para o IBGE porque houve incessante desconfiança da nossa produção de dados”, disse Olinto, em café da manhã com a imprensa no Rio. Ele destacou que a revisão nas pesquisas é periódica e segue uma política que é divulgada pelo instituto.
“O IBGE não é instituto que sofra pressão e aceite pressão, porque foi assim que ele se construiu”, afirmou Olinto. “Se eu pedir para meu diretor manipular um dado e ele aceitar, tem 5 mil empregados que não vão querer manipular os dados”, completou.
Segundo ele Rabello de Castro “jamais teve interferência na área técnica, a não ser para incentivar”. O ex-presidente deixou o IBGE no início do mês para substituir Maria Silvia Bastos Marques no BNDES.
Olinto disse que a PMC e a PMS, além da Pesquisa Industrial Mensal, passarão por novos ajustes até o final da década, para harmonizar a metodologia com a de outras pesquisas do instituto. A expectativa é que o trabalho seja concluído em 2022.
Além disso, trabalha em uma reorganização da estrutura de pesquisas para que os resultados sejam analisados de forma mais integrada.
O presidente do IBGE disse que o instituto é aberto para discutir metodologias com o mercado, mas que revisões no cálculo de indicadores sempre vão provocar dificuldades na análise de períodos anteriores?
“Está difícil analisar? Está. Mas sinto muito, é assim que funciona a estatística”, defendeu. (Folhapress)