A jornalista Vera Magalhães publicou no inicio da noite desta segunda-feira (29/07) o atestado de óbito de Fernando Santa Cruz Oliveira, pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Nele, consta as causas de sua morte: “não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985”. O documento foi expedido por Magalhães por meio da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, veiculada ao Ministério da Mulher e Direitos Humanos.
À pouco, em live publicada no Facebook, Bolsonaro afirmou que na realidade Santa Cruz foi morto por correlegionários e membros de grupos “terroristas” de esquerda.
Toda a polêmica já vem se estendendo há algumas semanas. Bolsonaro já vinha criticando a OAB no caso Adélio Bispo. O presidente acredita, por meio de uma notícia falsa, que a instituição teria impedido o acesso da Polícia Federal ao telefone de um dos advogados do autor da facada. Bolsonaro questionou: “Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados [do Adélio]? Qual a intenção da OAB? Quem é essa OAB?”. O que aconteceu apenas foi que a entidade entrou com mandado de segurança em janeiro deste ano para garantir que Zanone de Oliveira, advogado do autor da facada, não fosse obrigado a informar quem pagou os honorários da causa.
Hoje cedo, o presidente disse que revelaria as reais causas do assassinato do pai do presidente. No ínicio da noite, cancelou um compromisso diplomático com o premiê francês Jean-Yves Le Drian para cortar o cabelo e fazer uma live, onde tentou elucidar a situação dizendo que Santa Cruz faleceu por conta dos próprios colegas de militância.
Uma nota de repúdio foi divulgada pela OAB, que destacou que todas as autoridades do país devem “obediência à Constituição Federal”, que tem entre seus fundamentos “a dignidade da pessoa humana, na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos”.
A diretoria da OAB manifestou solidariedade não só à família do presidente da entidade mas também a “todas as famílias daqueles que foram mortos, torturados ou desaparecidos” no país.