Uma das maiores autoridades da educação física e política esportiva do Brasil dizia que além da descontração, diversão, o desenvolvimento pessoal e o relacionamento entre pessoas, equilibrava “os caminhos democráticos” e “equilibra o quadro de desigualdades sociais”. Para Manoel Tubino, além do prazer na atividade esportiva, o esporte pode ser um elemento transformador dentro da sociedade.
A visão é consoante com a Prefeitura de Aparecida. “O prefeito [Gustavo Mendanha] sonha em duas coisas: primeiro em dar oportunidade dar encaminhamento como cidadão. Depois dar formação de grandes atletas e atletas em alto rendimento até chegar a hora de Aparecida ter um ou dois atletas Olímpicos”, afirma Geferson Aragão, secretário de Esportes, Lazer e Juventude do município em entrevista ao Diário de Goiás.
Os planos da Prefeitura de Aparecida em relação ao esporte olímpico são audaciosos, afinal querer ver um atleta representando a cidade numa Olimpíada, por exemplo, não é algo fácil de se atingir. É necessário uma boa infra-estrutura, paciência e tempo. “Não se forma campeões em nenhuma modalidade, até mesmo no futebol, se você não fizer a melhor infra-estrutura. Essa infraestrutura está sendo feita, ela leva tempo e também investimento de apoio nos atletas. Não adianta fazer só infra-estrutura e os atletas não terem apoio”, pontua Aragão.
Antes das Olimpíadas, a formação da comunidade
Nesse sentido, na última quarta-feira (22/07), Aparecida de Goiânia entrou para um seleto grupos de cidades que tem um próprio Complexo Esportivo de iniciação e formação esportiva para atletas de alto rendimento. Após quase quatro anos em construção, a Estação Cidadania-Esporte, no Parque Trindade foi inaugurada. Segundo o secretário, ter participação de um atleta aparecidense numa futura edição olímpica é ótima, mas antes disso é necessário cuidar dos jovens da comunidade e fazer um trabalho de base.
O Complexo Olímpico tem mais de 12 mil metros quadrados que terá condições de atender mais de 3 mil pessoas. Crianças e adolescentes entre 3 a 16 anos poderão se beneficiar da estrutura do local para iniciarem alguma prática esportiva. Atividades olímpicas como esgrima, handebol, boxe, jiu-jitsu, capoeira, ginástica, levantamento de peso, taekwondo, badminton, tênis de mesa, vôlei, basquete, judô e atletismo.
“Essa Estação é uma obra importante para a qualificação dos nossos atletas. E mais importante, para atender a iniciação esportiva da região, do Parque Trindade, Santa Luzia, uma região grande, mais de 60 mil pessoas moram naquela região e nós vamos atender aquela comunidade”, pontua Aragão.
O esporte, pontua Geferson, é um caminho para exercer formação cidadã, tal qual Tubino. “Se você não atender a comunidade, crianças, jovens, mostrando pra eles que Aparecida é o caminho do esporte, não o caminho das drogas, nós não vamos alcançar êxito nenhum, eu vejo que passa por esses dois itens: a melhoria da infraestrutura e o apoio aos atletas”, explica.
O legal é observar que todo o Complexo segue as recomendações do Comitê Olímpico do Brasil. A pista de atletismo por exemplo atende todas as especificações técnicas do COB. “O plano de gestão [do Complexo] é pioneiro em todo o país”, orgulha-se Geferson.
Esportes paralímpicos: inclusão social
O pioneirismo é exponenciado quando trata-se das modalidades paralímpicas ofertadas no Complexo: esgrima de cadeira de rodas, judô, halterofilismo, tênis de mesa, voleibol sentado e goalball; e ainda o futebol de salão, este último, considerado modalidade não olímpica. O ginásio possui elevador e toda a Estação está totalmente de acordo com as normas de acessibilidade.
O secretário comenta que não é nenhuma novidade o envolvimento nos esportes paralímpicos por parte da Prefeitura de Aparecida. Da cidade, saíram medalhistas paralímpicos que hoje estão na Europa. Jane Karla teve poliomielite na infância e aos 28 anos conheceu o esporte. Inicialmente, escolheu o tênis de mesa e teve lá seu sucesso: bicampeã dos Jogos Parapan-americanos e outras duas Paralimpíadas.
Depois, trocou a raquete pelo tiro com arco e levou mais um ouro parapan-americano quando participou dos Jogos do Rio de Janeiro em 2016. “Hoje nós temos em Aparecida um campo de tiro por conta da Jane que evoluiu muito e está fora do país disputando vários títulos e morando na Europa”, pontua Geferson. Jane hoje, mora em Portugal e se prepara para a próxima edição dos Jogos Paralímpicos em Tóquio, adiados para 2021 por conta da pandemia do novo coronavírus.
Além do campo de tiro com arco, Aparecida investe em outras modalidades dentro dos esportes paralímpicos. Vitoriosas, inclusive. “Aparecida tem varios modelos de apoio a esporte paralímpico. Temos um time na Série A do Campeonato Brasileiro de Basquete em Cadeiras de Rodas que tem apoio nosso e recursos da secretaria de Esportes e eles tem representado muito bem. Temos um time de futebol de amputados em parceria com a Aparecidense que também já disputou campeonatos brasileiros”, pontua.
Geferson enfatiza que a cidade é referência no assunto quando se trata de esportes paralímpicos. “Acredito que Aparecida seja a primeira cidade do Estado de Goiás que tem várias modalidades paralímpicas em atendimento e apoio. É uma modalidade pouco valorizada no país. E nós fazemos isso aqui já com três a quatro categorias esportivas com atletas paralímpicas”, ressalta.
Dentro da inclusão paradesportiva, estão também as atividades para pessoas com deficiência auditiva. Ele ressalta sobre o projetos Sinais e também será oferecido assim que as atividades presenciais puderem ser colocadas em atividade novamente.
Mendanha: “Eu tenho um sonho”
Durante a videoconferência de lançamento do projeto, o prefeito Gustavo Mendanha autorizou, ao vivo, a construção de uma academia da terceira idade para ficar à disposição dos idosos que já tem utilizado o entorno do Estação Cidadania-Esporte para se exercitar e confidencializou seu sonho: “Eu tenho um sonho e estou muito feliz em entregar esse benefício. É uma obra que nós realmente sonhávamos em poder entregar”, iniciou.
Por fim destacou o seu principal desejo fazendo uma cobrança aos atletas aparecidenses. “Estou investindo pesado em esporte. A gente gosta muito de futebol, investe em futebol. Mas hoje em Aparecida o atleta que quer disputar e ganhar medalha tem o apoio da Prefeitura. Eu tenho cobrado que espero muito em breve nós termos um medalhista nas Olimpíadas. Esse é o nosso sonho quando nós investimos no esporte”, finalizou Mendanha.
Projeto promissor: Aparecida campeã
O Estação Cidadania-Esporte possui arquibancada com capacidade para 185 espectadores, e elevadores acessíveis; salas para administração, professores e técnicos do esporte; vestiários com chuveiros (alimentados com energia solar) e sanitários; enfermaria; copa, depósito; almoxarifado e academia e foi construído com investimento de R$ 4,4 milhões, sendo R$ 972 mil oriundos de contrapartida da Prefeitura de Aparecida e o restante, do Governo Federal.
Se infraestrutura é importante para a formação de atletas e cidadãos, Aparecida já tem uma boa base. Em 2019, Aparecida apoiou quase 300 atletas que participaram de eventos esportivos no Brasil e também fora do país. O investimento no esporte é uma realidade. E tem se mostrado eficaz na formação humanitária do município. Por meio do Aparecida Compete, que financia despesas de um atleta convocado para representar o município em outras regiões, até internacionais, Aparecida aposta em cada atleta cerca de R$ 500,00 a R$ 3.000,00 reais, segundo o secretário. “Ano passado atendemos 297 atletas que foram para China, Estados Unidos, Uruguai, diversos países e também parte do Brasil representar Aparecida e conquistaram muitas medalhas e troféus. O investimento passa pela infra-estrutura e o apoio aos atletas e Aparecida está no caminho”, conclui Aragão endossando o sonho do prefeito Gustavo Mendanha.