A CBF anunciou nesta quinta-feira (21) que não recebeu nenhuma proposta oficial para compra dos direitos de transmissão dos jogos da seleção brasileira entre novembro de 2017 e dezembro de 2022 no pacote para todas as plataformas (TV aberta, fechada e na internet).
Pela primeira vez, a oferta dos direitos foi feita em processo de licitação. A confederação havia estipulado como lance mínimo para esse pacote US$ 3,5 milhões (R$ 11 mi) por jogo. Segundo comunicado da entidade, foram recebidas “manifestações de interesse de múltiplas empresas”, mas nenhuma quis fazer ofertas oficiais nos termos do edital.
A CBF afirmou que irá avaliar as alternativas para comercialização do conteúdo desse pacote e não descarta a realização de uma nova licitação.
O Grupo Globo, apontado como um dos favoritos a adquirir o pacote, acertou apenas a compra dos direitos não exclusivos para transmissão dos jogos da seleção em plataformas digitais, com preço inicial de US$ 500 mil (R$ 1,57 milhões) por partida.
A confederação não revelou quanto a empresa pagou pelos direitos, mas afirmou que a proposta superou “de maneira significativa o valor mínimo estipulado”.
“Sem dúvida alguma, o Grupo Globo conta com enorme audiência nestas mídias e assegurará máxima exposição à seleção. Estamos igualmente orgulhosos em ter assumido o pioneirismo e concluído todo este exemplar e transparente processo de concorrência”, afirmou o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, no comunicado.
A entidade planejava arrecadar mais de R$ 466 milhões com a venda dos pacotes, que cobriam os direitos de 37 jogos da seleção. O valor total de US$ 4 milhões (R$ 12,6 milhões) por partida que a CBF havia estabelecido no edital era o dobro dos US$ 2 milhões (R$ 6,3 mi) cobrados no último contrato com a TV Globo pelos direitos dos amistosos da seleção.
O valor cobrado é maior do que o que provocou o impasse no amistoso entre Brasil e Colômbia, em janeiro. A CBF pediu R$ 6 milhões pelo direito de transmissão, o que não foi aceito.
Para formatar o novo modelo, a CBF contratou a agência Synergy Football, que tem sede na Suíça. A empresa de marketing já trabalhou para a Uefa (entidade que controla o futebol na Europa).
Até o ano passado, a Globo transmitia com exclusividade os amistosos da seleção. A emissora também tem os direitos desta edição das eliminatórias, que se encerra no próximo mês.
Em junho, a CBF não chegou a um acordo com a Globo para os dois amistosos disputados na Oceania e produziu e transmitiu as partidas.
Nos canais abertos, a CBF comprou horário na TV Brasil e na TV Cultura. Pelé foi o comentarista dos dois jogos. Representantes dos principais canais já se reuniram com executivos da Synergy para conhecer detalhes do projeto.
A CBF decidiu licitar os direitos da seleção depois de protagonizar o maior escândalo de corrupção do futebol mundial.
Em 2015, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e dois ex-presidente, José Maria Marin e Ricardo Teixeira, foram acusados pelo FBI de se beneficiarem de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de torneios no país e no exterior. Desde então, Marin cumpre prisão domiciliar nos EUA.