O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, disse que o Maracanã “está meio abandonado” ao justificar a sua decisão de tirar o último jogo da seleção das eliminatórias do estádio carioca.
Em outubro, a seleção enfrentará o Chile, no Estádio do Palmeiras. Tite havia pedido para jogar a partida no Maracanã.
“O Maracanã ainda não está em condições de receber a seleção. Precisam deixar vestiários em ordem, cadeiras em ordem. Quando tiver em ordem, aí vamos lá.
Está meio abandonado, sim. Temos que voltar a jogar no Maracanã. Mas eu não sou dono do Maracanã. Quem tem que cuidar é o governo, o dono do estádio”, disse o dirigente, após assistir a convocação de Tite para os dois próximos confrontos nas eliminatórias da Copa do Mundo contra o Equador, dia 31, em Porto Alegre; e Colômbia, dia 5, em Barranquilla.
Ate então, a seleção nunca havia ficado uma edição das eliminatórias sem jogar no Maracanã.
A Odebrecht e a AEG trava uma disputa nos bastidores para devolver o estádio ao governo do Estado. O consórcio entrou em outubro no ano passado com um pedido de arbitragem na FGV (Fundação Getúlio Vargas).
A arbitragem é um dispositivo jurídico previsto em parcerias público-privadas, como a da concessão do Maracanã. Pelo contrato de cessão do estádio carioca, o tribunal é uma espécie de última instância, e sua sentença não pode ser levada à Justiça.
O consórcio decidiu acionar a FGV após cerca de três anos tentando renegociar o contrato. Em junho de 2016, o grupo enviou uma carta à Secretaria da Casa Civil informando sobre a sua saída do negócio, mas não obteve resposta oficial sobre o destrato.
O consórcio alega que a operação do estádio foi inviabilizada pela proibição da derrubada do parque aquático e do estádio de atletismo anunciada pelo governo após a conclusão da licitação.
O grupo tinha planos para erguer um centro comercial e estacionamentos nestes lugares para tornar o empreendimento financeiramente mais rentável.
Palco da final da Copa do Mundo e da abertura dos Jogos Olímpicos, o Maracanã foi reformado por cerca de R$ 1, 2 bilhão pela Odebrecht e pela Andrade Gutierrez.
A obra entrou na Lava Jato. Executivos da Odebrecht afirmaram a procuradores, em tratativas para negociar delação premiada, que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) cobrou propina em obras como o a do metrô e a reforma do Maracanã.
Depois de pronta, a arena foi repassada ao consórcio por 35 anos após uma licitação realizada em 2013.