Há uma semana em isolamento quase completo, Cavalcante teme viver um grave desabastecimento de alimentos e insumos básicos. O município tem recebido apoio do governo do estado, assim como os outros afetados no Nordeste goiano, mas a situação é crítica.
Segundo o prefeito Vilmar Kalunga, desde a erosão que causou a interdição da GO-118, na última sexta-feira (24), Cavalcante está isolada. A via era a única com pavimentação e utilizada pelos caminhoneiros para chegar ao comércio da cidade. Sem ela, os comerciantes começam a ver os produtos minguarem.
“Se não tiver acesso à nossa cidade, vai ter dificuldade de abastecimento de alimentos”, disse o prefeito. Ele conta que muitos comerciantes têm ido até o ponto de interdição para buscar mercadorias nos caminhões, que também param no trecho. Porém, o abastecimento permanece prejudicado.
O governador Ronaldo Caiado está no Nordeste goiano desde quinta-feira (30) e vai passar o réveillon na região. Segundo Vilmar Kalunga, o estado tem se empenhado e colaborado para evitar a fome em Cavalcante. “Estou vendo o empenho do governador. A esperança nossa é essa. Estamos muito preocupados com essa situação”, relata.
O prefeito diz ainda que os cavalcantenses têm se desdobrado para ajudar bombeiros e demais voluntários no trabalho de levar os donativos aos mais afetados. “Só quem é do município conhece. Estamos tentando levar alguma segurança. Usamos canoas e vamos levando do jeito que dá”, reforça.
Segundo Vilmar, duas casas foram destruídas pela chuva em Cavalcante e outras sofreram avarias. Há quatro famílias desabrigadas que foram acolhidas pela prefeitura. O problema maior, diz o prefeito, é na zona rural, onde 600 famílias estão isoladas. “Os rios estão cheios, cabeças de ponte rodaram, estradas estão alagadas. Estão seguras dentro da comunidade, mas não podem sair”, destaca.
Na zona rural, helicópteros têm sido usados para resgate em regiões onde a água ameaça invadir casas e também para levar mantimentos aos ilhados. “Há propriedades rurais inteiras debaixo d’água”, diz o prefeito.
Na cidade, Vilmar aponta muitos problemas. “Tivemos que isolar ruas porque havia muitos buracos e atolamentos frequentes. Eram um risco para as pessoas”, conta. “É um desastre total. Virou um mar”, complementa.
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O prefeito tem esperança que a situação chame atenção das demais esferas de poder para a necessidade de investimento em infraestrutura viária no Nordeste Goiano. Ele lembra que Cavalcante é um dos municípios mais extensos de Goiás, tem 2 mil km de estradas vicinais e apenas 11 km de rodovias pavimentadas.
“Fazemos divisa com sete municípios, em Goiás e Tocantins. A formação geográfica traz muita dificuldade, com serras, atoleiros, rios. Se não houver ajuda dos governos estadual e federal, vai ser muito difícil voltar à normalidade”, alerta.