No dia de ressaca, após um plebiscito separatista marcado pela violência policial na Catalunha, as autoridades de Madri e Barcelona se reuniam separadamente nesta segunda-feira (2) para avaliar seus próximos passos nesta crise territorial.
O governo regional catalão, que convocou a consulta de domingo (1º) pela separação de seu território, estuda enviar os resultados ao Parlamento para que declare sua independência de maneira unilateral na quarta-feira (4).
Segundo Barcelona, 90% dos eleitores votaram pelo “sim” -uma cifra frágil, porém, diante do comparecimento de apenas 2,2 milhões de pessoas às urnas, o que equivale a 42% de seu eleitorado.
Madri já tinha avisado, ademais, que o plebiscito era ilegal e sem valor algum. Não há a possibilidade de que o governo central reconheça a independência declarada após uma consulta sem garantias, e tampouco se espera que o restante do mundo dê o seu aval.
O governo em Madri, chefiado pelo conservador Mariano Rajoy, do Partido Popular, deve se reunir durante o dia com outras forças políticas e discutir a possibilidade de aplicar o chamado Artigo 155, que revogaria temporariamente a autonomia catalã e imporia eleições antecipadas. Há o apoio do partido de centro-direita Cidadãos, mas seria necessário convencer os socialistas do PSOE.
A Catalunha já dispõe atualmente de uma série de liberdades excepcionais na Espanha, como seu próprio Parlamento e polícia (os chamados Mossos). Mas sua classe política tem mobilizado a população em torno do sonho de um Estado próprio -reivindicação feita em outros momentos, e reprimida, por exemplo, na ditadura de Francisco Franco (1939-1975).
Um dos principais argumentos é econômico. A Catalunha produz 20% do PIB espanhol, que é hoje da ordem de US$ 1,2 trilhão. O território tem também sua própria língua, o catalão, aparentado do francês. (Folhapress)