O juiz da 7ª Vara Criminal de Goiânia, Oscar de Oliveira Sá Neto, transformou a prisão em flagrante dos soldados Cláudio Henrique da Silva, Paulo Antônio de Souza Júnior e Rogério Rangel Araújo Silva, em preventiva, durante a audiência de custódia dos policiais na tarde desta quarta-feira (19). Eles são acusados da morte do estudante Roberto Campos da Silva, conhecido como Robertinho, de 16 anos, ocorrida na última segunda-feira (17).
A validade da prisão preventiva dos policiais segue até 17 de abril de 2037. Conforme reportagem do jornal O Popular, o magistrado afirmou que a decisão serviu como “forma de se garantir a ordem pública e por conveniência da instrução processual do fato e das circunstâncias que o permeiam”.
Robertinho foi assassinado na casa onde morava, no Residencial Vale do Araguaia, região leste da capital. Os policiais, descaracterizados, invadiram a residência sob a alegação de investigar a posse ilegal de arma de fogo.
Os três soldados, lotados no serviço reservado do Comando de Policiamento da Capital (CPC-2) foram indiciados por homicídio, tentativa de homicídio, violação de domicílio e abuso de autoridade. “Não é de hoje que policiais militares descaracterizados, vulgos, P2, se imiscuem em investigações criminais de atribuição da polícia judiciária, violando normas constitucionais e processuais penais”, ressaltou o juiz.
Para o juiz, a invasão do domicílio, em período noturno, sem farda e sem viatura oficial, apagando as luzes da casa, para a prisão de uma pessoa que supostamente possuía uma arma de fogo “é de um abuso e de uma desproporcionalidade estarrecedoras. Não havia urgência e nem situação flagrancial a justificar a ação policial. Só podia dar em tragédia”.
O advogado dos policiais, Maurício de Melo Cardoso, pediu o relaxamento do flagrante dos clientes alegando que eles não se encontravam em situação de flagrante no ato da prisão, e a concessão da liberdade provisória, já que os três são primários, possuem endereço fixo e emprego. No entanto, o juiz Oscar Neto entendeu que há prova da materialidade dos crimes.
O pai de Robertinho, Roberto Lourenço da Silva, de 42 anos, que foi vítima de tentativa do homicídio pelos policiais, está internado no Hospital de Urgências de Goiânia, em estado regular, consciente, respirando de forma espontânea.
De acordo com a investigação, os agentes cortaram a energia da casa e quando as vítimas foram averiguar o que havia ocorrido, foram baleadas. Os três policiais invadiram a casa atirando no pai e no filho caídos na garagem, matando o adolescente.
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