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Política
| Em 3 anos atrás

Carlos e Flávio disputam poder na comunicação da pré-campanha de Bolsonaro

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As críticas do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) às inserções do programa do PL veiculadas na TV com a participação do presidente Jair Bolsonaro explicitaram suas divergências com o irmão Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na condução da comunicação da futura campanha à reeleição.

Alinhado com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, Flávio comanda a comunicação institucional, que inclui as inserções de TV e rádio. O senador é responsável pela interface com o PL e conta com um “conselho” para as principais definições. Esse grupo tem a missão de “furar a bolha” do bolsonarismo mais radical e dialogar com os setores conservadores moderados.

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O outro grupo é liderado por Carlos – ele controla as redes sociais pessoais do presidente, que usa as plataformas como canais de diálogo com sua militância mais aguerrida.

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Bolsonaro foi eleito em 2018 com uma campanha quase toda baseada nas redes sociais e com apenas oito segundos de exibição em cada bloco no horário eleitoral de rádio e TV. Nesta campanha, o pré-candidato à reeleição aceitou os conselhos do núcleo político e deve dar protagonismo ao horário eleitoral.

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Aliados avaliam que o presidente deverá ter cerca de três minutos para propaganda no rádio e na TV em cada bloco diário. Pelos cálculos de interlocutores da pré-campanha, a produção na TV vai consumir cerca de R$ 10 milhões. O pacote da pré-campanha já custou até agora R$ 1,5 milhão – valor ainda menor que o projetado por outros pré-candidatos.

‘DANE-SE’

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A estratégia de comunicação, porém, gerou uma crise interna no clã Bolsonaro. Na semana passada, Carlos ironizou pelo Twitter a campanha de TV do PL. Nela, o presidente aparece cercado de jovens em uma conversa descontraída na qual defende valores da família. Em seguida, surge o refrão: “Sem pandemia, sem corrupção e com Deus no coração, seremos uma grande nação”. “Vou continuar fazendo o meu aqui e dane-se esse papo de profissionais do marketing…. Meu Deus!”, escreveu o vereador após a divulgação dos comerciais.

Contratado pelo PL, o marqueteiro Duda Lima, que produziu os comerciais, passou a ser criticado por pessoas próximas à família Bolsonaro e que têm ligação com o conselho de comunicação. Em caráter reservado, um conselheiro do grupo afirmou que as inserções citam uma agenda negativa que estaria superada – pandemia (o rótulo de “genocida”) e corrupção (caso das rachadinhas). Apesar das críticas, os vídeos foram aprovados pelo próprio presidente e também por Flávio.

DISTÂNCIA

Aliados e consultores de Bolsonaro consideram inviável integrar os núcleos de Carlos e Flávio, mas avaliam que é melhor manter distância entre as estratégias para as redes sociais e a TV.

O vereador carioca é o principal conselheiro do pai e único que tem a confiança do presidente para falar em seu nome. Mesmo assim, não tem ascendência sobre o restante da estrutura de comunicação da pré-campanha.

A leitura no entorno de Flávio é a de que Carlos consegue manter a alta voltagem que faz girar a roda bolsonarista no ambiente polarizado das plataformas digitais, mas que isso não é o suficiente.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o vereador do Rio não participa das reuniões formais da pré-campanha, que conta também com a participação do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas), e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

O conselho que tem Flávio como principal articulador decidiu ampliar as estratégias convencionais. Uma equipe de assessoria de imprensa foi estendida e um porta-voz para dialogar com a mídia tradicional foi contratado – algo que era impensável na campanha de 2018.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Por Pedro Venceslau/Estadão Conteúdo)

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