PT tem pressa por 2014
Os prefeitos Paulo Garcia e Antônio Gomide são os principais nomes do partido a sucessão estadual. Ambos, porém, teriam de deixar o cargo em abril, o que os obrigam acelerar articulações
Daniel Gondim – Repórter de Política
Com dois prefeitos cotados para a cabeça de chapa, o PT corre contra o tempo para viabilizar um candidato ao governo em 2014. Paulo Garcia e Antônio Gomide, que administram Goiânia e Aná¬polis, respectivamente, são apontados como principais nomes do partido para as eleições, mas ambos teriam prazo para deixar as prefeituras.
Diante disso, as articulações petistas para a disputa pelo Palácio das Esmeraldas têm como prazo final os primeiros dias de abril do próximo ano, data limite para a desincompatibilização de possíveis candidatos.
“Até abril do ano que vem o PT já terá uma decisão. Não queremos ser pegos de surpresa como das outras vezes”, confirma o deputado estadual Karlos Cabral (PT). A data é definida pela lei complementar nº 64/90, que determina a inelegibilidade de quem ocupa cargos públicos com poder de influência sobre o eleitorado. Para o cargo de governador, os postulantes têm de deixar o posto com, no mínimo, seis meses de antecedência.
A questão de deixar a prefeitura, porém, é mais complexa. Para abrir mão de Goiânia ou Anápolis, o PT teria de estar certo de que Paulo Garcia ou Antônio Gomide seria oficialmente lançado candidato ao governo. Para isso, o nome também teria de ser aceito pelos outros partidos de oposição, em especial o PMDB, que é o principal aliado dos petistas, mas que até aqui não abre mão de uma candidatura própria.
Além disso, o PMDB espera o cumprimento de um suposto acordo com o PT, que deu ao prefeito Paulo Garcia a preferência de disputar a prefeitura de Goiânia em 2012, no caso, a reeleição. Na época, peemedebistas queriam lançar um candidato, mas o ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), bancou o apoio ao petista. Agora, há no partido uma cobrança explícita para que os petistas devolvam o apoio e o PMDB encabece a chapa ao governo em 2014.
Atualmente, a aliança entre PT-PMDB é sólida. Na capital, o vice de Paulo Garcia é o ex-vereador Agenor Mariano (PMDB). Em Aparecida de Goiânia, a situação se inverte. O PMDB comanda a prefeitura com Maguito Vilela, enquanto os petistas ocupam a vice, com o ex-deputado estadual Ozair José.
Diante disso, mesmo com todo o interesse do PT em lançar candidato em Goiás, uma candidatura própria petista pode não ocorrer. Além da necessidade de chegar em abril de 2014 com um nome definido e bancado pelos demais partidos de oposição, o cenário nacional pode sinalizar com um apoio ao PMDB como forma de fortalecimento da aliança pela presidência.
Até que o cenário nacional e o estadual se defina, porém, o PT vai buscar as articulações políticas e também acelerar as administrações, especialmente a de Goiânia. “Vamos fazer quatro anos em um. O Macambira-Anicuns é a menina dos olhos da administração. Vamos fazer pelo menos 40% até abril”, garante o deputado estadual Luis Cesar Bueno (PT).
Articulação
A necessidade de desincompatibilização não é vista como empecilho para que o PT lance um candidato ao governo. A avaliação é do cientista político e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Pedro Célio Alves Borges. “Se o PT considerar que vale a pena correr esse risco, ele vai abrir mão de uma das prefeituras”, analisa.
A tentativa de “valer a pena” já começou, pelo menos no campo das articulações. Os deputados Karlos Cabral, Humberto Aidar, Mauro Rubem e Luís César Bueno planejam visitas a quem possui interesse em ser o nome do PT ao governo. Além de Paulo Garcia e Antônio Gomide, o deputado federal Rubens Otoni, irmão do prefeito anapolino, também é apontado como possível pré-candidato.
“Vamos visitar todos que estão interessados nesse assunto e ouvir as intenções de cada um. Queremos ter uma decisão o mais rápido possível para levar esses nomes para o interior, procurando fazer com que a sociedade tenha conhecimento deles”, explica o deputado Karlos Cabral.
Além de Antônio Gomide, Paulo Garcia e Rubens Otoni, a intenção é expandir as visitas para outras lideranças, am¬pliando o debate. O grupo planeja, por exemplo, visitar o ex-prefeito de Goiânia, Iris Re-zende, e a presidente Dilma Ro¬ussef e a ministra-chefe da Secretaria de Relações Insti¬tucionais, Ideli Salvatti.
Os alvos das visitas são escolhidos cirurgicamente. Cortejar Iris Rezende, por exemplo, é uma tentativa de abarcar o PMDB para um projeto petista, já que o ex-prefeito é o principal nome do PMDB em Goiás e voz importante na oposição. As conversas com a presidente e a ministra são uma forma de ouvir e sentir as pretensões nacionais em relação à necessidade de reforçar a aliança com os aliados ou de buscar um caminho próprio.
Segundo o deputado estadual Mauro Rubem, a iniciativa do PT em buscas a viabilidade dos dois nomes é uma questão interna. Ele, porém, acredita que a oposição precisa de rapidez definir nomes e já iniciar a preparação para o embate eleitoral.
“Para a oposição de modo geral, tem de ser levado o nome mais rápido. Há uma necessidade de se definir um nome logo para toda a oposição, para não haver atraso como houve em 2010. Quanto antes melhor, pois a sociedade vai se posicionando sobre os nomes escolhidos”, analisa o petista.