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Política
| Em 3 anos atrás

Candidaturas avulsas na base de Caiado beneficiam campanha de Perillo, analisa cientista político

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O professor e cientista político, Luiz Signates, elucidou, em entrevista ao jornalista Altair Tavares, do Diário de Goiás, a respeito do atual cenário político eleitoral para o Senado Federal, com relação às candidaturas goianas. De acordo com o especialista, a permissão de candidaturas avulsas ao pleito pode beneficiar candidaturas majoritárias.

Leia a entrevista na íntegra com o professor Luiz Signates

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ALTAIR TAVARES – A ideia defendida pelo delegado Waldir é de que seja permitida mais de uma candidatura para o Senado na chapa de Ronaldo Caiado e alega que isso pode ser uma vantagem no processo eleitoral. Como o senhor avalia essa propositura nesse contexto, na eleição de 2022?

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LUIS SIGNATES – A candidatura avulsa poderá, significativamente, alterar o quadro eleitoral, em termos das expectativas de quem se candidata junto com o governador, que seja puxador de votos. Então, uma candidatura majoritária para governador, que for muito puxadora de votos, normalmente beneficia o candidato ao Senado que assume essa parceria. Se houver uma multiplicação dessas candidaturas, o que pode acontecer é que essa puxação de votos para os candidatos ao Senado, se torna pulverizada, reduzindo com isso, às vezes, as possibilidades e as chances daquele candidato que, eventualmente, seja o candidato preferido. O que eu acho que basicamente pode acontecer é isso, inclusive com a geração de benefícios de candidaturas de outros partidos ou de oposição, que sejam elas próprias também puxadoras de votos.

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Hoje, num ambiente em Goiás, temos aí Marconi Perillo que apareceu em duas pesquisas puxando voto para o Senado. Se a base de Caiado pulveriza candidaturas, Marconi sai beneficiado?

Eu acredito que sim, com uma candidatura competitiva do ponto de vista eleitoral para o Senado de alguém já muito conhecido, com uma história como ex-governador, como é o caso de Marconi Perillo, pode ampliar sua expectativa de voto se beneficiando de uma eventual fragmentação das candidaturas adversárias. Eu acho que é indiscutível que ela pode, sim, beneficiar Marconi Perillo, caso ele efetive sua candidatura ao Senado e não para governador.

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Curioso que, nessa eleição, em relação às outras, nós tenhamos esse tipo de debate ou em outras eleições isso também esteve em alta?

Não. A candidatura avulsa, que é basicamente uma regra da democracia Norte-Americana, ela já foi, em outras oportunidades, discutida no Brasil. Mas não com essa proporção. Nós estamos nas vésperas do jogo eleitoral e aparentemente tudo está dependendo de uma decisão do Tribunal Eleitoral. Agora, na verdade, o que eu acho é que essa proposição, não só no Estado de Goiás, mas no Brasil, ela parece que tenta viabilizar aquelas candidaturas, aqueles pré-candidatos ao Senado que têm intenção de colocar seu nome dentro das possibilidades de votação, mas que não detém um grau de articulação suficiente para se tornarem as candidaturas majoritárias. Então essas pessoas que, talvez seja o caso do próprio delegado Waldir, que acreditam que eles tenham , individualmente, um potencial bom de voto e neste caso a candidatura avulsa pode beneficiá-lo no sentido de promover, talvez, a superação em termos de votos dele em relação à candidaturas adversárias que sejam preferidas para o governador e estejam no mesmo quadro partidário ou de coligação. Assim você possibilita uma acomodação política melhor, como se faz hoje com as candidaturas para deputados, proporcionais, e com isso, evidentemente, beneficia o próprio candidato a governador. Todo candidato a cargo majoritário, seja prefeito, seja governador, seja presidente da República, ele depende radicalmente de uma base de candidaturas proporcionais que puxem votos para ele pelo sistema de dobradinhas. Então é muito comum os prefeitos, por exemplo, quando se candidatam, fazerem uma base de pré-candidatos de vereadores bastante grande, a maioria deles que eles já sabem que não é viável eleitoralmente, mas que cada uma traz uma quantidade”x’ de votos que vão somar com os votos de prefeito e tornar a candidatura ainda mais competitiva. Então a fragmentação das candidaturas ao Senado pode beneficiar as candidaturas majoritárias, porque ela propicia uma acomodação política dentro da coligação ou dentro do partido. Agora, se beneficia os próprios candidatos a Senador, eu acho que não. Eu acho que vai acabar beneficiando aqueles candidatos ao Senado que sejam naturalmente puxadores de votos e, nesse sentido, eu dou razão à interpretação de que a candidatura de Marconi Perillo pode beneficiar bastante como a fragmentação das candidaturas ao Senado do lado de Ronaldo Caiado, caso Marconi se candidate a Senador.

E essa é uma qualidade, também, dessa eleição, ou seja, estamos chegando no prazo para a definição das candidaturas sem candidaturas definidas, por assim dizer, e essa é uma das curiosidades dessa eleição?

Alguns candidatos, especialmente o caso do ex-governador Marconi, em que ele está pacientemente esperando as coisas se assentarem, articulando as suas bases eleitorais, promovendo as chapas, digamos assim, que possam eventualmente apoiá-lo e esperando as principais definições. Ele esperou por muito tempo a definição de Gustavo Mendanha. Agora o Mendanha se definiu pela compatibilização da Prefeitura de Aparecida, mas está enfrentando dificuldades para consolidar sua candidatura por conta do problema de apoio e esses apoios são importantes, porque eles definem a estrutura de uma candidatura a governador. Então, o Marconi é uma raposa velha da política de Goiás e está esperando pacientemente que as coisas acomodem, para ele identificar aquela que é a posição mais favorável e mais viável para ele. O que me parece que não há margens de dúvidas, é de que Marconi Perillo será candidato, seja a senador, seja a governador. Mas ele está aguardando as coisas se assentarem. na medida que a legislação eleitoral propicia uma decisão mais tardia e essa decisão só consolida nas convenções partidárias, é natural que os candidatos aguardem, correndo risco, inclusive, de não darem conta de fazer uma pré-campanha boa. Então, aquelas candidaturas que não têm uma base eleitoreira, um nível de conhecimento do eleitorado já consolidado, podem enfrentar dificuldades com esse tipo de estratégia, típico daquelas candidaturas que já têm uma base eleitoral, são muito conhecidas e para as quais só o tempo restrito da campanha eleitoral, sem uma pré-campanha significativa, pode ser viável eleitoralmente. Esse é o caso típico de Marconi Perillo.

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