Gomide (à dir) mantém frente na pesquisa Exata BR contra Màrcio Correira (esq.) (Fotos : Diário de Goiás e divulgação)
O professor João Cezar de Castro Rocha, da UERJ, analisou a movimentação política de Gusttavo Lima, cantor sertanejo e empresário, que recentemente fez declarações que indicam uma possível candidatura ao Senado em 2026. Segundo o professor, o movimento de Lima não seria, de fato, uma intenção séria de se lançar à presidência, mas sim um “balão de ensaio” para avaliar a receptividade de sua figura na política nacional.
“Eu proponho que nós vejamos não apenas com granossalhes, como diziam os latinos, mas com um certo cinismo bem-humorado”, afirmou Rocha, se referindo à possibilidade de Gusttavo Lima querer provocar uma discussão política em torno de sua figura. O professor destacou que, embora o cantor tenha um grande apelo popular, especialmente em Goiás, sua verdadeira motivação pode estar mais relacionada a garantir um foro privilegiado do que a uma real ambição de governar o país.
O professor lembrou que Gusttavo Lima teve problemas durante a campanha eleitoral de 2022, quando foram revelados casos de prefeituras brasileiras contratando seus shows a preços exorbitantes. “Ele disse que isso era perseguição política, porque era bolsonarista. Agora, em 2024, o Gusttavo Lima nos surpreendeu com o cruzeiro nas ilhas gregas, onde levou figuras como Cássio Nunes Marques, e pessoas procuradas pela polícia, mas, segundo ele, não sabia de nada”, comentou Rocha, levantando suspeitas sobre as relações políticas e empresariais do cantor.
Lima, além de cantor, é considerado um dos empresários mais bem-sucedidos do Brasil, com negócios em frigoríficos, açougues e fazendas, além de ser vinculado a investimentos em apostas online, o que poderia aumentar sua influência e presença nas discussões políticas.
Em relação à sua possível candidatura, o professor acredita que Gusttavo Lima está de olho no Senado. “Dada a projeção dele, especialmente em Goiás, e o perfil político do Estado, uma candidatura ao Senado apoiada por Ronaldo Caiado seria muito forte”, afirmou Rocha, observando que a movimentação de Lima reflete um projeto maior da direita no Brasil.
Em análise, o editor do Diário de Goiás, Altair Tavares afirmou que o ponto de vista do professor João César tem muito sentido, pois o momento agora é de testagem de candidaturas. “Em Goiás, como nos outros Estados, são duas vagas para o Senado. Uma está com a primeira dama Gracinha Caiado e a outra fica para diversas possibilidades. E o cantor pode ser uma delas. O nome de Gusttavo serviria também para colaborar no bloqueio de candidaturas bolsonaristas como do deputado Gustavo Gayer”, afirmou Tavares.
A ideia de uma candidatura ao Senado, para Rocha, não seria apenas uma ambição política, mas sim uma tentativa de garantir um “patamar mais realista” de poder:
O verdadeiro objetivo é o foro privilegiado, que ele certamente buscará com um cargo legislativo. E eu não vejo isso como uma simples especulação, é um movimento claro dentro do contexto político atual.
Além disso, Rocha aponta que o projeto político da extrema-direita no Brasil tem se fortalecido nos últimos anos, com uma presença crescente nos conselhos tutelares e em importantes instituições como o Conselho Federal de Medicina e a Ordem dos Advogados do Brasil. Segundo ele, a verdadeira estratégia da extrema-direita, para 2026, não é disputar a presidência da República, mas consolidar uma presença forte no Senado, com o objetivo de fortalecer suas bases para um futuro projeto de poder.
“Há uma estratégia mais ampla para 2030, e o nome que surgirá como candidato à presidência será o de Nícolas Ferreira, quando ele atingir a idade para concorrer. É um projeto de poder que, para nós, é extremamente preocupante”, afirmou o professor. Em um contexto de polarização política, Gusttavo Lima parece ser mais um ator a ser observado em uma cena onde as fronteiras entre a política e o entretenimento se tornam cada vez mais tênues.
Com informações do portal Brasil 247