O aumento entre jovens de 16 a 18 anos que emitiram seus títulos eleitorais pode até ser comemorada por alguns, mas não poderá (ainda) ser a métrica protagonista para a condução do período eleitoral que se aproxima. Apesar de alguns dizerem que, nessas eleições, a juventude terá papel preponderante, ainda é cedo para cravar qualquer protagonismo vindo do segmento.
Apesar da euforia imposta pela campanha do Tribunal Superior Eleitoral, catapultada pela sociedade civil, com participação de artistas e influenciadores das redes sociais, é necessário deixar a catarse de lado e mirar nos pontos consistentes do debate. Entre janeiro e abril, o Brasil registrou 2.042.817 novos eleitores entre 16 e 18 anos que se somam a um universo de mais de 22 milhões de brasileiros com até 24 anos aptos a votar.
Para o professor e cientista político a campanha foi um sucesso, mas não dá para cravar que a partir dela, o jovem tome protagonismo que os políticos almejam durante o período eleitoral. “O papel mais influente foi dos digital influencers que são cabos eleitorais agora acrescidos e aditivados pelos algoritmos e são uma variável presente nas eleições que não tem como voltar atrás. Eles vão entrar para o embate público e o jovem quer se engajar nesse processo. O TSE fez a parte dele iniciando o processo de divulgação, mas quem salvou mesmo o recrutamento e levou a meninada para o cadastramento foram os digitais influencers”, avalia o professor e cientista político, Guilherme Carvalho.
Apesar do sucesso, é deveras precipitado levantar que essa parcela que o protagonismo-jovem terá durante as eleições. “É um pouco cedo para apontar que isso vai ser um grande diferencial porque você tem a abstenção que se deve levar em conta. Esse ânimo para a eleição está muito dado agora”, calcula. “Sou um pouco cético quanto a isso se converter numa participação efetiva até porque os números das abstenções vem crescendo, eleição após eleição, inclusive entre os jovens”.
Carvalho ressalta, no entanto, que pode fazer certa diferença num possível “critério de desempate”. “Ainda mais contando com o fato de que Dilma venceu Aécio com a diferença de três milhões de votos”, rememora. Mas ainda é muito cedo para cravar que o dado irá fazer a diferença nas urnas no segundo semestre. “Muitos deles tiram o título de eleitor porque precisam de outras documentações, inclusive para fazer matrícula em faculdade, por exemplo. Não necessariamente isso vai impactar na participação deles nas eleições. A gente tem que ter um pouco de parcimônia quanto a isso”, conclui.