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Política
| Em 1 hora atrás

Caiado repudia plano golpista deflagrado pela PF e defende a identificação de mentores da ação

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Em entrevista coletiva na noite desta terça-feira (19), durante evento de lançamento do livro de Henrique Meirelles, em Goiânia, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), comentou a respeito da Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na mesma data.

O gestor afirmou jamais imaginar a existência de propostas de tal nível e defendeu a identificação dos mentores do plano golpista, bem como a devida punição aos responsáveis. A organização criminosa, desarticulada pela PF em Goiás, no DF e outros estados, é responsável por planejar um golpe para impedir a posse de Lula após o pleito de 2022. O plano incluía o assassinato do presidente e de seu vice, Geraldo Alckmin.

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Democracia

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“Eu nunca admiti política sem que fosse no nível de civilidade. Então, ao se constatar isso, é algo que realmente foge totalmente daquilo que é a prática política”, frisou o governador, em entrevista à imprensa, com a afirmativa de que a democracia deve ser respeitada. “Eu jamais imaginei na minha vida que situações como essa fossem propostas. O ganhar e perder na eleição é normal. Agora, o respeito à democracia está acima de tudo”, ponderou.

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Diante da afirmativa, Caiado demonstrou preocupação com o atual cenário da política no Brasil. “Eu estava acreditando no momento de trazer a paz, a civilidade na política. Então, é um gesto que me preocupa sob maneira. O Brasil não suporta mais viver da maneira como está vivendo”, enfatizou.

“Isso é inaceitável, isso é inadmissível. Isso aí tem a repulsa de todos nós, brasileiros, que realmente queremos construir cada vez mais uma democracia consolidada e com respeito aos poderes. Agora, eu continuo sempre na tese de que nós precisamos de buscar paz, civilidade para nós construirmos esse país. Não sei para onde nós vamos caminhar a continuar uma política que realmente vive dentro de extremos e com consequências inimagináveis”, salientou.

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O governador expôs, ainda, a polarização existente no país. “Se levar a política pelo patamar que está se levando, é extremamente difícil de você imaginar onde é que nós vamos chegar. Cada um, dentro das suas posições extremadas, não vai levar o Brasil a ter civilidade na prática política e, muito menos, no futuro do país. É isso que me preocupa. A preocupação das penas será dada pelo Supremo, que vai julgar. Agora, eu como governador de Estado e líder político, qual é a minha preocupação? É como nós vamos conseguir ter um ponto de concórdia para avançar nas práticas da democracia brasileira. É isso. Esse é o processo mais preocupante”, detalhou.

Penalização x Anistia

Caiado frisou ser necessário saber quais são os mentores do plano e quem foi usado como “massa de manobra” para o desenvolvimento do crime e suas respectivas penalizações. “Você não pode ter a mesma penalização, pontuou o gestor.

“Tem que saber quem é o mentor, quem é o autor. Essas pessoas, sim, precisam de uma punição educativa. Agora, aos cidadãos que foram utilizados como aça de manobra, você deve ter, aí sim, uma capacidade de poder ampliar um pouco ou diminuir um pouco as suas penas e poder caminhar para um processo de pacificação”, salientou Caiado.

Questionado sobre uma possível responsabilização do ex-presidente Jair Bolsonaro, respondeu: “Não cabe a mim ficar interpretando até porque eu, como vocês, fiquei sabendo do fato hoje. Isso depende de uma interpretação da veracidade dos fatos que foram aí colocados. E, diante dessa veracidade, há punição porque é inadmissível que qualquer pessoa se proponha a arquitetar um plano para matar alguém, para dar um golpe do Estado”.

Ideologia política

“Vamos cada um nos resguardar nas nossas condições políticas e ideológicas, mas sem fazer juízo de valor e sem querer punir e, sem dúvida nenhuma, julgar e punir quem quer que seja. Cabe ao Judiciário essa função. Ao Judiciário, a decisão tomada, ela será cumprida. Agora, a interpretação de cada um, ela não pode ser no sentido de prejulgar quem quer que seja. Os fatos estão aí, está certo? E, além dos fatos, as consequências virão”, enfatizou Caiado.

Novamente, o gestor apontou a atual polarização do país: “Esse fato me preocupou por um motivo relevante, que é enxergar o Brasil cada vez ainda em maior turbulência política e retirando o país da capacidade de atender os 200 milhões de brasileiros. E você não tem como manter a democracia sem ouvir os 200 milhões de brasileiros nas eleições. Será que nós teremos novamente uma eleição polarizada nesse nível de violência que nós estamos vivendo? É a pergunta que fica. Eu vou trabalhar na construção do bom debate”, pontuou o governador.

“Você nunca me viu aqui em queda de braço, que leve um impedimento de diálogo com os poderes constituídos. Ao contrário, eu dou mostra que eu convivo com todos. Então, eu acho que nós temos que ter muito cuidado nessa análise, nem de um lado e nem do outro. É a hora de nós podermos pacificar as coisas. Não é achar responsável por tudo, porque a partir daí as falhas cometidas por um e as falhas cometidas por outro, as consequências estão sendo muito graves para o país”, ressaltou.

Omissão

Na última semana, Caiado teria, também em entrevista coletiva, atribuído o ataque ao Congresso Nacional, no período, como uma “incompetência política”. Questionado agora, sobre uma atribuição da ex-gestão federal com relação ao plano de golpe ao Estado, divergiu: “Se você tem um cidadão que está na rede social, todo dia, falando que vai matar, que vai atacar, que vai fazer… Você imagina bem, se eu sou presidente da época, se a minha área de inteligência já não estava no pé desse cara. Por favor, é muita omissão”, pontuou.

“Isso é a ausência completa do Governo Federal. Total. Quer dizer, o que é a inteligência do Governo Federal? Para tratar do quê? Para tratar disso, especificamente disso. Você acha que um engraçadinho desse faz isso nos Estados Unidos? Em dois minutos eu já não estou sob custódia da Polícia Federal. Então, é essa que é a ausência e a omissão do Governo. Não levar a sério essas coisas. Essas coisas têm que ser uma reprimenda forte, para que as pessoas entendam a dureza da lei”, reiterou o chefe do Executivo goiano.

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