O governador Ronaldo Caiado (UB) voltou a destacar que não pretende implantar uso de câmeras nas fardas dos policiais em Goiás. Durante evento de divulgação do balanço da Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO), nesta segunda-feira (8), Caiado destacou que tal medida não tem efeito algum, além de inibir a atuação dos agentes de segurança.
Ao reforçar os índices de queda na criminalidade no Estado, o governador reiterou que a implementação das câmeras no cotidiano das corporações não surtirá o efeito desejado. “Quer dizer que quando tem câmeras não tem crime? Pelo contrário. Veja aí, Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Bahia e o Rio Grande do Norte”, citou Caiado, fazendo referência a Estados com índice de criminalidade superiores a Goiás.
Em relação a fiscalização da trabalho dos policiais, Caiado garante que não é preciso câmeras para agir, e que tal prática inibirá a atuação das forças de segurança pública. “Tenho Corregedoria na minha polícia que me garante que aqueles que estiverem fora do trilho eles saberão cumprir, saberão prender, eles saberão descartar. Mas a câmera o meu povo não vai usar, porque meu pessoal quer ter liberdade para poder atuar e poder ter um enfrentamento direto como todo mundo”, defendeu o governador.
Ao Diário de Goiás, o secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás, Renato Brum, reiterou que possui o mesmo posicionamento de Caiado. “Nós não temos a intenção de colocar câmera nos policiais. Isso inibe os policiais. Já foi experimentado em outros Estados, os índices criminais aumentaram”, argumentou.
De acordo com Brum, o projeto do Governo Federal de conceder verba para os Estados adotarem as câmeras vai na contramão do que a Segurança Pública do Estado planeja e os recursos serão usados para outros fins. “Se caso nós quisessemos aplicar essa verba na aquisição de compra de câmeras, o Governo Federal facilitaria, mas no caso nós já temos outros projetos para aplicação desse dinheiro que é destinado ao Estado de Goiás”, explicou o secretário.
O titular da Segurança Pública destacou que pretende utilizar a verba do Governo Federal destinada a isso para implantar medidas mais eficazes. “Temos a intenção, sim, de colocar o vídeo-monitoramento das cidades, que a gente chama de cidades inteligentes, de colocar as câmeras nos presídios”, detalhou.
Segundo ele, a discussão das câmeras está “ficando ultrapassada”, e é necessário “pensar em algo mais avançado”. Brum elabora que já existem sistemas de câmera utilizadas em outros países que permitem até mesmo a identificação e o acesso a antecedentes criminais da pessoa que está sendo filmada na abordagem, modernidade que ainda não seria utilizada no sistema do Brasil, focado em algo mais simples. E acrescentou: “É um orçamento muito caro, que vai trazer um retorno talvez ruim ou pouco bom”, pontuou Renato Brum.
Além dos custos altos em relação ao retorno na segurança, Brum acredita que poderia ser algo que prejudicaria a atuação dos policiais. “Não é que a gente tem alguma coisa a esconder, é porque realmente não dá certo”, afirmou o titular da SSP.
Para o governador, não é necessário que haja utilização das câmeras para apurar ações dos policiais e não vê demanda na implementação do projeto em Goiás. “Não se admite dentro da polícia da certa utilização da farda para se praticar crime. Não é exatamente a câmera que vai dizer, quem vai dizer é a nossa companhia, ou seja, nossa área de informação, de inteligência junto também com a seriedade da Corregedoria do Estado, que deverá punir essas pessoas”, finalizou Ronaldo Caiado.