O novo álbum de Caetano Veloso é um elixir sonoro em tempos de cólera que vivemos. Calmo, rítmico, belo. Eu não tenho palavras para descrever o estapafúrdio Meu Coco que o baiano lançou semanas atrás. É primoroso. E tem “homenagens” à todos ritmos brasileiros. Do funk carioca ao sertanejo universitário com direito a lembranças para Marília Mendonça e Maiara e Maraísa.
“Sem samba não dá” é uma das músicas que dá vontade de pegar aquela breja gelada em dias ensolarados, chamar os amigos e curtir aquele fim de tarde trocando bons papos. Aquelas tardes que você passa ouvindo Maiara e Maraísa, Marília Mendonça e Simone e Simaria. Todas sambando ao som de Caetano Veloso.
“Tem muito atrito, treta, tem muamba Mas tem sertanejo, trap, pagodão Anavitória, doce beijo d’onça Mar (av) ília Mendonça, afinação”, canta Veloso numa parte. “Tem sambanejo ou pagobrejo Tem Ferrugem, Glória Groove, Maiara e Maraísa”, cantarola em outra. “Tem Simone e Simaria sambando, Simaria sambando, Simaria sambando, Simaria sambando”, complementa em outra.
“Enzo Gabriel” é outra música que me faz refletir. Daquelas que você pega um vinho e coloca ao lado para assimilar como vai o mundo. Com uma pegada rítmica que lembra um tango argentino, me pego pensando sobre como é que vai ser a criação dos nossos filhos e o futuro deles. “Enzo Gabriel Sei que a luz é sutil Mas já verás o que é nasceres no Brasil”. Nascer no Brasil hoje parece não ser nada grato embora existam alguns poucos que talvez tenham senso para o futuro.
Caetano tem todo um álbum à sua mão. É bonito, belo, acalma. Me dá vontade de pegar uma cerveja e ouví-lo todo o dia, assim que acabo um expediente pesado de trabalho. Com certeza, Meu Coco é uma das melhores obras lançadas em 2021 e um alento em tempos de pandemia.