O jornal The New York Times publicou em sua versão online na noite desta quarta (24) um artigo de opinião do compositor e cantor Caetano Veloso intitulado “Tempos sombrios se aproximam de meu país“, no qual ele liga a provável eleição de Jair Bolsonaro (PSL) com uma onda de “medo e ódio”.
O artigo, no qual ele assina também como ativista político e que ganhou versão em espanhol além do inglês, associa a ascensão de presidenciável do PSL à eleição de outros políticos populistas de direita.
“Como outros países, o Brasil enfrenta uma ameaça da extrema direita, uma tempestade de conservadorismo populista”, afirma, citando o americano Donald Trump e o filipino Rodrigo Duterte, conhecido por ter liberalizado o assassinato de narcotraficantes e usuários de drogas.
Caetano faz também uma retrospectiva da ditadura militar (1964-85), da abertura e das eleições de Fernando Henrique Cardoso (1994) e Luiz Inácio Lula da Silva (2002), algo que descreve como impensável nos anos 80.
O artigo lamenta, também, o anti-intelectualismo, a caça às bruxas na cultura e a detração de políticas progressistas ou de inclusão social como tentativas de tornar o país um “pesadelo à Venezuela”.
E lembra dos meses que ele e Gilberto Gil passaram presos, na ditadura, e dos anos de exílio.
“Muitos aqui dizem que planejam deixar o país se o capitão vender. Eu nunca quis viver em nenhum país que não fosse o Brasil. Tampouco quero agora. Fui forçado a me exilar uma vez. Não acontecerá de novo”, escreve o musico.
“Quero que minha música e minha presença sejam uma resistência permanente a qualquer traço antidemocrático que surja de um provável governo Bolsonaro.” (Folhapress)
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