LÍVIA MARRA – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Passado o Natal, relatos em redes sociais são o termômetro da preocupação com os fogos no Ano-Novo. Tutores contam casos de animais apavorados, que se machucaram, tentaram pular janelas com grades, fugiram e até aqueles que não resistiram e, em pânico, morreram.
Como a audição dos cães é muito mais sensível que a dos humanos, eles sofrem com barulhos extremos. Coração acelerado, salivação excessiva e tremores são indicativos de que algo não está bem.
Para evitar o sofrimento dos animais, internautas colam em seus murais pedidos pelo fim dos fogos com barulho e propostas para que os produtos sejam trocados por balões, abraços ou que o valor gasto seja revertido em ração.
“É um pedido encarecido: Não soltem fogos”, escreveu Flaviane Marques, de Goiânia, em rede social.
Com o texto, ela mostrava a foto de Ted, seu cachorrinho de três anos, com o pelinho cheio de sangue e as patas machucadas.
Ted estava sozinho em casa quando, no fim da tarde do dia 23, o barulho fez com que ele ficasse desesperado. “Ele arranhou o portão e o chão até as unhas chegarem na veia”, afirma.
À reportagem Flaviane diz acreditar que tenham jogado um rojão bem próximo ao seu portão, por isso a reação inesperada. Segundo ela, Ted, que ficou com o coração “quase saindo pela boca”, agora está bem.
“Não soltem fogos. Doem o dinheiro gasto com isso, comprem cestas, brinquedos, façam qualquer coisa, menos soltar fogos. Assim como ele sofreu, sofrem outros tantos animais, crianças, idosos, pessoas doentes. Pense nisso”, escreveu a tutora.
Em Guaianazes, zona leste de São Paulo, bombeiros resgataram um cachorro que acabou preso em uma grade, ao tentar se esconder dos fogos, na madrugada do Natal.
De acordo com a corporação, passado o risco, o animal recebeu muito carinho da equipe.
O estresse causado pelo barulho dos fogos pode agravar o quadro em animais com problemas de saúde. Epiléticos, por exemplo, podem sofrer convulsões.
“Nunca pensei que pudesse perder você por causa disso”, afirma Chris Mell Liriane em rede social, com a foto de seu Espoleta. No texto, ela diz ter ficado com ele no colo, aumentado o volume da TV e ligado o ar-condicionado para abafar o som dos fogos. Mas nada adiantou, e ele morreu na véspera do Natal.
Chris, que mora na Baixada Santista, contou que Espoleta era um cão muito feliz, amado e que fazia amigos por onde passava. “Tipo aqueles cachorrinhos de filme.”
Tinha aproximadamente nove anos -foi tirado da rua já adulto e estava com Chris havia sete anos. Segundo ela, o cão não tinha nenhum problema de saúde, “apesar do extremo pânico de fogos de artifício”.
Uma árvore foi plantada no local onde ele foi enterrado. “Nada ameniza o vazio que estou sentindo (à) Sei que ele foi apenas número, só mais uma das milhares de vítimas de fogos de artifício, mas se a morte dele conseguisse mudar essa história seria tão bom à fogos de artifícios sem som, apenas com luzes”, diz a tutora.
Outros relatos de mortes foram compartilhados nas redes. “O coraçãozinho da Mel não suportou o medo do barulho dos fogos e parou de bater”, escreveu uma internauta ao lado da foto de uma pit bull.
Conforme publicação da página Abrigo da Leila, Mel havia sido resgatada e tinha muito medo de qualquer barulho. Um trovão já era motivo para que ela mudasse o comportamento.
Para minimizar o sofrimento de animais assustados com o barulho, vale tentar colocar algodão no ouvido, pegar no colo ou deixar o animal em um cômodo da casa onde o som seja mais abafado.
Segundo especialistas, também é opção distraí-lo com brincadeiras ou com petiscos e, assim, fazer associações positivas.
Se o pet preferir, pode ficar abrigado em algum cantinho da casa, desde que ele se sinta o mais confortável possível.
O importante é manter portas e janelas fechadas -para impedir que ele fuja ou pule- e deixar o ambiente livre de objetos que possam cair ou causar ferimentos, caso o cão, assustado com o barulho, esbarre. Animais presos a correntes também podem sofrer graves ferimentos em um momento de pânico.
Mesmo com todo cuidado em casa, mantenha uma plaquinha de identificação na coleira, caso o bichinho escape. (Folhapress)