O depoimento de Carlos Cachoeira na CPMI do Congresso seguiu o roteiro que estava previsto pela defesa dele: nenhuma resposta será dada a qualquer pergunta que fosse feita. Ele estabeleceu um limite de que só falará após a audiência na Justiça Federal, em Goiás, que será feita nos dias 31de maio e 1º de junho.

 

Publicidade

 

Publicidade

A sessão teve início pouco depois das 14h desta terça feira, no Congresso. Apesar das insistentes questões colocadas pelos deputados e senadores, no ataque ao governo Agnelo Queiroz (DF) e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Logo nos primeiros minutos, Carlos Cachoeira deu o tom do que seria a participação dele, na CPMI, ao repetir que ficaria calado conforme seu direito constitucional.

Publicidade

Uma frase, porém, deixou um certo mistério:

– “Tenho muito a dizer, mas só depois da audiência (na Justiça). (…) depois da audiência, pode me chamar. – reiterou o contraventor”.

Publicidade

Assim, nasceu uma dúvida: qual seria a disposição de Carlos Cachoeira ao revelar dizer que tem “muito a dizer”? O enigma está posto.

Os deputados e senadores ficaram irritados com a ausência de respostas e alguns enxergaram um certo cinismo por parte de Cachoeira. Os insultos de deputados a Cachoeira foram na classificação de “bandido” que foi dirigida ao depoente.

Abaixo, veja detalhes do que aconteceu na sessão, minuto a minuto.


14h05 – Deputado Vital do Rego abre a sessão com encaminhamentos burocráticos da CPI.

14h08 – Vital do Rego chama Carlinhos Cachoeira para o recinto da CPMI.

14h10 – Cachoeira senta-se posiciona-se ao microfone e à mesa do depoente. Uma presença Presença muito observada foi dda Sra. Andressa, esposa do depoente. Bem notada.

14h12 – Deputado Vital do Rego chama Carlos Cachoeira para a palavra inicial. Cachoeira diz “estou aquí como manda a Lei para responder o necessário”. “Não falarei nada, aquí”.

14h16 – Cachoeira é informado sobre os objetivos da audiência. O Sr. se definiria como? Qual

14h17.- Cachoeira responde: “por enquanto, ficarei calado”. E completou “estou aqui como manda a lei, para responder. Constitucionalmente, fui advertido pelos advogados para não falar nada. Somente depois da audiência que teremos no juiz, se por ventura [a CPI] achar que eu deva contribuir, podem me chamar que eu responderei a qualquer pergunta

14h17 – Perguntado sobre o patrimônio dele, pelo deputado Carlos Sampaio.

14h17 – Cachoeira responde: “Tenho muito a dizer, mas só depois da audiência (na Justiça) – reiterou o contraventor”.

14h18 – “Aquí não tem um bando de palhaço”, alerta um deputado.

14h19 – Clima tenso entre os deputados diante da resposta negativa de Cachoeira em responder as perguntas. É proposta uma sessão secreta. O relator tenta buscar acordo para  a proposta.

14h21 – Cachoeira responde que, “por orientação dos meus advogados”, só depois da audiência (na Justiça). Cachoeira não aceita proposta de sessão secreta. “Antes de depor ao juiz, eu não vou falar”. Cachoeira alega que os deputados forçaram a ida dele à CPMI.

Detalhe: deputada Íris de Araújo (PMDB) inscrita para pergunta a Carlinhos Cachoeira. Aliás, com um cabelo vermelho, bem reluzente.

14h24 – deputados discutem a sequência de perguntas. Cachoeira não falou nada, até agora.

14h25 – Cachoeira é perguntado sobre contato com chefe de gabinete de Agnelo Queiroz. Quais os negócios tratados com o secretário do governador de

14h25 – Cachoeira, de novo: “vou usar o direito de ficar calado”.

14h26 – Deputado Francischini na pergunta, pela ordem. Ele faz um resumo da atuação de Cachoeira e chama Demóstenes Torres de “bandido”. Ele mostra ofício de Agnelo  Queiroz que solicita prorrogação de contratos antes de tomar posse. Inclusive o contrato da DELTA, no lixo. Foi a seu pedido, Cachoeira?, perguntou. E, também, disparou “o sr. aceita uma delação premiada”? O deputado dispara outras perguntas, todas envolvendo o governo do Distrito Federal. E mais, “quantas vezes o sr. esteve no Estado do Paraná?”. E citou que Marconi Perillo disponibilizou-se a depor e espera que os outros deveriam fazer o mesmo.

Questão de ordem, em debate: polêmica sobre inutilidade de perguntas e discursos sem respostas.

14h40 – Cachoeira no microfone, em tom solene, ao lado de Márcio Tomáz Bastas: (… )

14h41 – Deputado Felipe Pereira lamenta a falta de respostas. Lamenta a falta de esclarecimentos. Dirigindo-se a Cachoeira, faz um resumo da acusação. Ele pede a “verdadeira verdade” para esclarecimento da sociedade. Sugere que o bom caminho para Cachoeira é a delação premiada. Pergunta se ele as empresas enviaram recursos ao exterior? O Sr. teve contato com Arnaldo Braga Filho.

14h43 – Cachoeira olha, tranquilo, cabelos mais brancos, com um certo desprezo.

14h44-Deputado Felipe Pereira faz uma sequência de perguntas e inclusive sobre o relacionamento dele com o governador de Goás, Marconi Perillo (PSDB).

14h58 – Senador Randolfe Rodrigues pergunta sobre relacionamento com o governo de Goiás.

14h58 – Cachoeira: “Ficarei calado”.

14h59- Randolfe pergunta sobre contratos da DELTA e sobre nomeações com o governo do DF. Ele opina que Cachoeira depositou 1 milhão 595 mil reais para a ex-mulher em 2010, além de outros depósitos. Questiona as razões do depósito. Se a ex-mulher for convocada, ela vai dizer o quê?

15h01 – Cachoeira olha para o lado, finge que não ouviu, torce a boca e diz: “Calado, Senhor”.

COMENTÁRIO: até agora a CPMI serviu para que os deputados de oposição e situação posicionem suas perguntas e estratégias.

 14h45 às 14h50 – perguntas do deputado Rubens Sampaio e Cachoeira nada respondeu.

15h08 – Deputado Onix Lorenzoni e outros deputados entram em debate sobre conteúdo da investigação, e outros assuntos. O deputado propõe a quebra de sigilo bancário da DELTA. Ele sugere uma acareação entre o presidente do Denit, Luiz Pagot, e Carlos Cachoeira. Sem perguntas.

15h14 – O deputado Paulo Teixeira ao microfone cita o envolvimento de Cachoeira com Jaime Rincon, da AGETOP-GO, Eliane Pinheiro, Alexandre Baldy. Ele relata suspeitas sobre o envio de dinheiro em caixa de computador com 500 mil reais ao Palácio das Esmeraldas, ao governador, segundo o deputado.

“Tenho muito

a dizer, mas só depois da audiência

(na Justiça)”

Carlos Cachoeira

15h19 – A senadora Katia Abreu (PSD), revoltada, propõe o fim da sessão de hoje. Segundo ela, os integrantes da CPMI estão fazendo “Papel de bobos por um chefe de quadrilha com essa cara cínica”.

Deputados e senadores debatem a estratégia de Carlinhos Cachoeira de ficar calado.

15h34 – Deputado Chico Alencar discute a questão de que esta sessão não foi inútil. “O silêncio cínico e desrespeitoso”, de Cachoeira é uma declaração de culpa.

15h48 – Terminado debate entre os líderes dos partidos.

15h48 – Dona Íris de Araújo ao microfone. Ela concorda com o adiamento do depoimento e falou que a história está “envergonhando” o Estado de Goiás. Não disse mais nada, nem citou o governo de Goiás, nem qualquer autoridade.

COMENTÁRIO: A deputada Íris de Araújo não quis participar da sequência de citações aos seus inimigos políticos, em Goiás. Em política, o espaço para aumentar a rejeição do outro é utilizado com frequência pelos agentes, mas ela não foi para o palco. Alertou para uma suposta pizza e fez brincadeira com programa de cozinha. Participação fraca do ponto de vista político.

15h55 – Deputado Ronaldo Fonseca pergunta sobre esquema para pretendia derrubar o Ministro dos Transportes, Luiz Pagot

(Cachoeira dá risadinha discreta)”.

15h58 – Cachoeira: -” Vou usar o direito de ficar calado”.

Os deputados e senadores desistem de fazer perguntas a Carlos Cachoeira.

16h08 – um deputado insinua que Carlos Cachoeira estaria interessado numa delação premiada e Cachoeira, com a mão ao queixo, balança a cabeça da esquerda para a direita, em sinal de negação.


 

 

 

 

Publicidade