O campeonato é o Brasileirão, mas o idioma falado não é apenas o português na área técnica. O principal torneio de futebol do País começa neste fim de semana com recorde de técnicos estrangeiros. Dos 20 clubes que disputam o certame nacional, nove são treinados por profissionais de fora do Brasil
A edição que está prestes a começar supera a de 2021, que teve nove técnicos gringos ao todo, mas sete deles atuando simultaneamente. Nunca, portanto, havia tido tantos treinadores não brasileiros nos times da Série A.
A predominância é de portugueses. São quatro: Abel Ferreira, já consolidado como um dos maiores técnicos do Palmeiras, com cinco títulos em 17 meses de trabalho, o pressionado Paulo Sousa, no Flamengo, Vitor Pereira, no Corinthians, e Luís Castro, o último a chegar, no Botafogo.
Outros três vieram da Argentina: Antonio “Turco” Mohamed, Fabián Bustos e Juan Pablo Vojvoda, de Atlético-MG, Santos e Fortaleza, respectivamente. O uruguaio Alexander Medina, do Internacional, e o paraguaio Gustavo Morínigo, do Coritiba, completam a lista de comandantes forasteiros.
Embora os brasileiros estejam sendo preteridos pelos gringos, Abel Ferreira, hoje o estrangeiro mais bem-sucedido no Brasil, entende que o país pentacampeão conta com bons comandantes. “A qualidade do treinador não tem nacionalidade nem idade”, afirmou Abel. “Há bons treinadores brasileiros e também há portugueses fracos”.
PROTOCOLO, CURIOSIDADES E PREMIAÇÃO
O torneio tem início com um protocolo médico mais brando, sem a obrigatoriedade de testes de covid-19 para atletas e comissão técnica. De acordo com o que consta no Guia Médico de Medidas Protetivas para o Futebol Brasileiro, profissionais sem sintomas não têm mais a necessidade de serem testados, mas os clubes estão livres para seguir com o procedimento.
A edição de número 53 do campeonato, a vigésima na era dos pontos corridos, será disputada até o dia 13 de novembro, com os estádios liberados para receberem torcedores – no ano passado, os fãs retornaram às arquibancadas apenas em outubro – e sem a regra aplicada em 2021 para conter a troca intensa de treinadores. A avaliação é de que a norma não funcionou.
A premiação ao campeão deve seguir os moldes da edição passada, quando o Atlético-MG faturou R$ 33 milhões pela conquista e o Flamengo, R$ 31,3 milhões por ter sido vice-campeão.
Em 2021, segundo o Twitter, foram mais de 298 milhões de comentários sobre futebol na plataforma, 21% a mais do que no ano anterior, e mais de 32 milhões de tuítes sobre o Brasileirão Fluminense x Santos abre a competição neste sábado, às 16h30, no Maracanã.
POSTULANTES AO TÍTULO
A taça do certame nacional mais importante do País é almejada por 20 clubes, sendo três deles apontados como favoritos: Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras, justamente os três primeiros colocados da última edição. Há outras equipes que se reforçaram e correm por fora, casos de Corinthians, São Paulo, Fluminense e Botafogo.
O Atlético desponta como o principal favorito, pois manteve a base do time campeão de 2021 e reforçou seu elenco. A mudança mais significativa foi no comando. Antonio Mohamed substituiu Cuca, que novamente não deu prosseguimento a um trabalho, e tem conseguido manter o padrão alto de atuações dos mineiros.
“É um grupo ganhador, com muita humildade, com muito compromisso Se fala muito na nossa intimidade, que todos são importantes. Está demonstrado”, disse o técnico Mohamed, campeão mineiro com o Atlético.
Em 19 edições dos pontos corridos, o futebol paulista subiu no topo do pódio em 10 oportunidades. O Palmeiras, maior campeão nacional, busca sua 11ª conquista. O tricampeão da América se fortaleceu com as conquistas recentes, a última delas do Estadual, e ampliou seu repertório tático e técnico. É um time, hoje, mais maduro e que faz o que pede o seu treinador. O elenco ainda é um dos melhores, embora falte o tão desejado camisa 9.
O Flamengo começa a competição pressionado pela perda do Carioca para o rival Fluminense. Alguns de seus principais jogadores tiveram uma queda considerável de rendimento. Houve protestos com cobranças e ameaças da torcida na última sexta-feira. Mas espera-se que a equipe rubro-negra, reforçada recentemente com as chegadas do zagueiro Pablo e do goleiro Santos, brigue pela taça mais uma vez.
“Tenho as minhas convicções, a minha metodologia e minha liderança. E isso leva tempo até alinharmos todos a um mesmo caminho. Estou fortemente convencido de que a qualidade de todo o grupo vai fazer com que nós estejamos no nosso melhor nas próximas competições que temos”, afirmou Paulo Sousa, sob pressão em poucos meses no cargo.
Serão pouco mais de sete meses de torneio, com 380 partidas e a ausência de três grandes clubes tradicionais do futebol brasileiro: Cruzeiro e Vasco, que permaneceram na Série B, e o Grêmio, que se juntou a eles ao ser rebaixado no ano passado.
(Conteúdo Estadão)