Em questão de minutos, no último sábado (17), a tarde de lazer da estudante de direito brasileira Dayane Braga se transformou em momentos de terror, quando a praia fluvial em que ela estava, no centro de Portugal, começou a pegar fogo.
“Saímos de lá às pressas e, meia hora depois, já estava tudo queimado, até com carros carbonizados”, conta ela, que é natural de Itabuna (BA) e vive há 14 anos em Portugal.
“Eu peguei o início do fogo. Como estava em um vale, aqui a gente já sabe que, em caso de fogo, temos de começar a fugir”, explica.
A estudante diz que os momentos na estrada, tentando fugir do fogo, foram de aflição. “Quando começou o fogo, teve também raios e trovoadas. Foi assustador.”
Ela diz que não conhece nenhuma das vítimas do incêndio, mas que ainda tem vizinhos desaparecidos.
Mesmo abalada, Dayane decidiu se juntar à brigada de voluntários que auxilia os desabrigados e as populações afetadas pelo incêndio.
Na manhã desta segunda (19), ela ajudava a descarregar água e mantimentos no centro de distribuição de Avelar, em Ansião.
“Não tem como estar em casa, de braços cruzados, não consigo estar parado e ver tanta gente precisando.”
“É um povo que me acolheu desde sempre. Eles me adotaram e eu adotei eles” diz a estudante, sobre os portugueses.
Os focos de incêndio no centro de Portugal seguem ativos.
Até agora, já foram confirmados 62 mortos e 135 feridos, sendo sete em estado grave.
Em entrevista coletiva no início desta tarde, a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa disse que 24 corpos já foram identificados e que o trabalho seguirá acelerado durante todo o dia.
Ela afirmou que nenhuma das vítimas identificadas até agora era estrangeira.
O presidente de Portugal, Marcelo rebelo de Sousa, também esteve novamente na região afetada. (Folhapress)