O Brasil tinha 369 mil escravos modernos em 2016, ou 1,8 a cada mil habitantes, mas estava entre os países que mais combatiam o problema dentro do G20 (grupos das 19 economias mais desenvolvidas e a União Europeia).
O levantamento é da organização Walk Free Foundation, que publicou nesta quinta-feira (19) o índice global de escravidão moderna de 2018.
A escravidão moderna é um conceito que inclui pessoas que ficaram presas a um contratante por dívida contraída, ou mantidas como trabalhadores domésticos para “pagar” por um serviço, por exemplo.
Entre os fatores que contribuem para o problema estão migração, conflitos, regimes repressivos e discriminação.
Cerca de 40,3 milhões de pessoas eram vítimas de algum tipo de escravidão moderna em 2016, segundo estimativa da fundação e da OIT (Organização
Internacional do Trabalho), em parceria com a OIM (Organização Internacional para as Migrações).
O Brasil, com 369 mil, é o 20º colocado em uma lista de 27 nas Américas -quanto mais distante do topo, melhor.
A escravidão moderna no país é encontrada na confecção de roupas e acessórios, em fazendas de gado, na exploração de cana-de-açúcar, madeira.
No ranking geral, o Brasil recebe nota BB, a mesma de Canadá, Dinamarca e Finlândia. Isso significa que esses governos adotaram algum tipo de resposta contra a escravidão moderna que inclui apoio às vítimas, um arcabouço que criminaliza certas formas de escravidão moderna e outras medidas contra o problema.
Apesar do número ainda elevado de escravos modernos, o país é um dos sete do G20 que adotaram ações para combater o problema, afirma a fundação.
A organização elogiou a iniciativa adotada no país desde 2005 para prevenir o trabalho escravo, com o pacto nacional pela erradicação do trabalho escravo e a lista suja do trabalho escravo.
Em outubro de 2017, porém, o país foi criticado por organismos internacionais após uma portaria mudar a definição de trabalho escravo, os critérios de autuação e a forma de divulgação da lista suja.
Em dezembro, o governo teve que recuar, diante da repercussão negativa -a OIT foi uma das organizações que criticaram as mudanças.
Além do Brasil, também estão atuando para combater a questão Austrália, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Estados Unidos.
Nas Américas, Estados Unidos (com 403 mil escravos modernos), Brasil e México (341 mil) são os que têm maior população absoluta -o que faz sentido, considerando que são os países com maior número de habitantes na região.
Quando o recorte é proporcional, a Venezuela lidera a lista, com 5,6 escravos modernos a cada mil habitantes (total de 174 mil), o mesmo do Haiti.
A nota mais alta é da Holanda, a única a receber A. O pior país, com nota D, é a Coreia do Norte, onde a estimativa é que uma a cada dez pessoas viva em algum tipo de escravidão moderna, a maioria sendo forçada pelo Estado a trabalhar, segundo a Walk Free Foundation.
Segundo a análise, os países do G20 importam US$ 354 bilhões anualmente em produtos que podem ter em sua cadeia alguma forma de escravidão moderna.
Os cinco produtos mais identificados na indústria de escravidão moderna são laptops, computadores e telefones celulares, roupas e acessórios, peixes, cacau e madeira. (Folhapress)