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Categorias: Esportes
| Em 7 anos atrás

Brasil tem de se preocupar com o jogo, não com racismo na Rússia, diz Coutinho

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IGOR GIELOW E FÁBIO ALEIXO
MOSCOU, RÚSSIA (FOLHAPRESS) – Jogando em um estádio lotado contra a seleção de um dos países com histórico mais notório de manifestações racistas na arquibancada, a seleção brasileira tem de estar concentrada no futebol quando enfrentar a Rússia na sexta (23).

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A opinião é do meia-atacante Philippe Coutinho, que presenciou pessoalmente o problema em um jogo no estádio no qual concedeu entrevista coletiva nesta quarta (21), o Spartak Moscou. “É uma questão muito chata. Racismo é inadmissível, a cabeça tem de estar focada no objetivo”, disse, respondendo à reportagem sobre o tema. Ele não respondeu, contudo, se a comissão técnica da seleção deu alguma orientação sobre o assunto.

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Quando ainda jogava pelo Liverpool, o atual jogador do Barcelona marcou um gol num empate em 1 a 1 com o Spartak pela Liga dos Campeões. Enquanto comemorava, o companheiro de time Sadio Mané, senegalês e negro, tentou calar o setor da torcida que imitava barulho de macaco contra ele. Não teve sucesso.

O problema é recorrente. Na decisão da Supercopa da Rússia, no ano passado, o goleiro brasileiro naturalizado russo Guilherme, do Lokomotiv, foi chamado de macaco. O atacante Hulk, do Zenit e ex-seleção brasileira, diz que toda partida tem incidentes do tipo. Em 2011, jogando pelo Anji, Roberto Carlos teve bananas atiradas em sua direção.

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Willian, escalado pela CBF para falar sobre o dia da seleção em Moscou com Coutinho, é negro e já relatou vários episódios de racismo nos cinco anos e meio em que jogou na Ucrânia e nos seis meses que atuou na Rússia.

A União Russa de Futebol e a Fifa têm trabalhado sobre o problema, com eventos de conscientização e orientação a torcedores. A promessa é de reprimir quaisquer manifestações do tipo. Segundo levantamento pelo principal centro de estudos de racismo e xenofobia da Rússia, o Sova, houve 89 incidentes do tipo durante jogos ocorridos no país ao longo da temporada passada. O problema se espraia pela sociedade: na campanha eleitoral que acabou com a reeleição de Vladimir Putin no domingo (18), um vídeo feito por seus apoiadores pedia para os russos votarem no presidente para evitar ter de servir “num Exército com negros”.

O Kremlin isentou-se de responsabilidade pela peça.

PROTAGONISMO

Tanto Willian quanto Coutinho, que podem entrar como titulares nesta sexta, alinharam o discurso sobre o protagonismo do jogo coletivo quando confrontados com as inevitáveis perguntas sobre a ausência do atacante Neymar, que se recupera de uma cirurgia para corrigir uma fratura no pé e está fora dos amistosos em Moscou e em Berlim, onde o Brasil enfrenta a Alemanha pela primeira vez desde o 7 a 1 no dia 27.

“Neymar é importante, mas o coletivo é muito forte”, afirmou Willian, atleta do Chelsea. “Meu objetivo não é ser protagonista, é levantar a taça da Copa.

Protagonismo não é só de um jogador”, completou. Para o jogador do Barcelona, “temos de suprir isso de alguma forma, e a seleção cresceu muito coletivamente no último ano, é um ponto muito importante”.

Nenhum dos dois confirmou qual será o time titular, no qual devem estar na sexta, a depender da configuração escolhida pelo técnico. “Deixa isso para o Tite”, disse Willian. Antigos rivais no futebol inglês, eles ressaltaram a amizade fora de campo e na seleção, onde já disputaram titularidade em várias oportunidades. “Nem eu nem o Coutinho fizemos cara feia um para o outro, o importante é ser leal”.

O treino desta quarta foi o único totalmente fechado nesta etapa moscovita. “Todo treinamento é importante porque temos um período muito curto de seleção”, disse Coutinho, que segundo relato de um jornalista presente à entrevista é ídolo no país porque o Barcelona e o Liverpool são o segundo time de muitos dos que gostam de futebol no país. Isso pesa? “Preparação é igual para cada jogo, e essa coisa de torcida, dentro do campo a gente não vê muito, está focado no jogo, no objetivo de fazer uma grande partida”.

Nesta quinta o time, que vinha treinando num campo auxiliar do Spartak, fará o treino e o reconhecimento no estádio Lujniki, palco da partida -e da abertura e final da Copa do Mundo, que começa em junho. A previsão para a hora do jogo é de temperatura na casa de zero grau ou algo negativa, com possibilidade de neve. “Está muito frio e é complicado jogar com neve, mas é complicado para as duas equipes”, disse Willian.

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