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Brasil só ganha em competitividade de Mongólia e Venezuela, mostra ranking

Pelo sétimo ano seguido, o Brasil perdeu posições no ranking mundial de competitividade e, agora, só está à frente de Mongólia e Venezuela na lista de 63 países analisados pelo IMD (International Institute for Management Development) em parceria com a Fundação Dom Cabral.

O país aparece no 61º lugar. No ano passado, ocupava a 57ª colocação. Em seu melhor ano, 2010, o país chegou a ficar na 38ª posição -em sete anos, perdeu 23 posições.

A queda se traduziu em piora de indicadores de desempenho econômico, infraestrutura e eficiência do governo, mas também na percepção menos favorável que os investidores têm do país, afirma Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral, responsável pela captação e avaliação dos dados brasileiros para o estudo, divulgado nesta quarta-feira (31).

Para ele, foi uma surpresa o país ter caído tanto entre 2016 e 2017, principalmente porque o estudo não capturou as recentes turbulências políticas que colocaram em xeque a aprovação da reforma da Previdência e das mudanças na legislação trabalhista, consideradas essenciais para equilibrar as contas do governo.

“Havia uma expectativa de que as reformas estruturais seriam aprovadas, então a opinião dos investidores deveria ter sido melhor, o que não aconteceu”, ressalta.

O país, porém, não corre risco imediato de ocupar as duas últimas colocações, segundo Arruda. Isso porque Mongólia e Venezuela estão muito abaixo do Brasil em competitividade.

O Brasil tem ficado para trás nos quesitos que poderiam garantir posições melhores no ranking. “Vimos uma certa lógica do relatório, pois outros países têm oferecido condições para que as empresas operem, gerem renda para as famílias e melhorias para a sociedade.”

Segundo ele, o Brasil não conseguiu, nos últimos anos, simplificar seu marco regulatório, que continua burocrático, “com barreiras para as empresas e cheio de regras tributárias complexas.” “O marco institucional é o que o Brasil tem historicamente de pior, não tinha como piorar e cair muito mais”, indica.

Quando analisados os subfatores de competitividade brasileira, o resultado mostra que houve melhora em eficiência empresarial. “Mas esse ganho foi devido à queda de Peru e Colômbia, que perderam posições nesses indicadores”, ressalta Arruda.

O desemprego recorde fez o país perder 23 posições no fator desempenho da economia. Em infraestrutura, o Brasil não soube aproveitar os eventos que sediou nos últimos anos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. “Houve um movimento do governo de fazer concessões de aeroportos, rodovias, mas por causa das recentes turbulências políticas as concessões devem cair muito”, diz.

Cenário incerto

Apesar do retrato pior da competitividade, o Brasil continua atraente para os investidores estrangeiros, seja pelo tamanho, localização ou porque vende uma imagem melhor que a que os brasileiros têm do país, afirma o professor da Fundação Dom Cabral.

“Os estrangeiros continuam acreditando no Brasil, há uma expectativa de investimento positiva neste ano. Mas já se começa a ter uma mudança no perfil dos investidores”, diz Arruda. “Os europeus, como alemães, suecos, suíços, ficam menos assíduos e entram chineses, indianos e russos, que veem o país como forma de complementar uma capacidade produtiva que não têm.”

Arruda não está otimista quanto à capacidade de o Brasil recuperar posições no curto e no médio prazos. “O momento é de criar agendas nacionais. Se as reformas não forem aprovadas, a recuperação do Brasil pode se tornar mais lenta e ameaçar a competitividade futura”, ressalta.

Enquanto o Brasil perdeu posições, comenta, a China avançou no ranking, ao investir em tecnologia e soluções competitivas para o mercado. “As mudanças estão acontecendo muito rapidamente, e o Brasil está paralisado. Já a China manteve as características de um país emergente, mas avançou nos indicadores tecnológicos”, diz.

O líder em competitividade, pelo segundo ano, foi Hong Kong, seguido por Suíça e Cingapura.

Outra surpresa foi a queda de uma colocação dos Estados Unidos, que saiu do top 3 do ranking pela primeira vez em anos. “É um sinal de que alguma coisa está acontecendo lá. Essa perda de posição está muito associada à diminuição da confiança e à percepção do futuro”, avalia. “Mas é coisa para se observar nos próximos dois ou três anos.” (Folhapress)

 

Thais Dutra

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