Investimento em infraestrutura, redução de taxas fiscais e promoções com foco em países da América Latina são ações fundamentais para incentivar a vinda de turistas estrangeiros ao Brasil.
Estas foram uma das conclusões dos especialistas que integraram a segunda mesa de debates do seminário Turismo e a Internacionalização do Brasil, promovido pela Folha de S.Paulo, com apoio da Embratur e da CVC, nesta quinta-feira (15), na Pinacoteca, em São Paulo.
Os turistas de países emergentes, principais consumidores do segmento em curto prazo, têm como prioridade visitar os Estados Unidos e a Europa, segundo Francisco Costa Neto, CEO do grupo Rio Quente.
Para o empresário, o foco deveria ser voltado para visitantes de nações vizinhas, como Argentina, Chile e Colômbia. “Nós somos caro, com um custo de mão de obra caro e um problema de segurança evidente”, afirmou.
O redirecionamento das ações de propaganda para outros diferenciais do país, com ênfase à pluralidade de conteúdo e cultura, também foi elencado como ferramenta de promoção. “Vamos encarar a realidade. Vamos entender isso primeiro e ser competitivo nisso. São os nossos diferenciais”, disse Neto.
De acordo com dados da Embratur, o turismo representou 3,7% do PIB brasileiro do último ano, envolvendo 52 segmentos diferentes.
Roberto Fantoni, sócio da consultoria McKinsey & Company Brasil, defendeu mais investimentos para a área de turismo ao citar a importância do setor e o potencial de crescimento.
“É um setor importante em todas as economias do mundo. Além disso, é uma fonte de recursos externos, uma fonte relevante de atividade econômica e oportunidade de desenvolvimento social e econômico.”
Seja por via aérea ou marítima, o alto custo das taxas fiscais e cargas burocráticas são entraves que desestimulam a visita de estrangeiros ao país.
Segundo José Mário Caprioli, presidente do comitê executivo da Azul Linhas Aéreas, um voo que parte de São Paulo para Recife é 25% mais oneroso à empresa, e consequentemente aos passageiros, do que um com destino à Buenos Aires.
A falta de estrutura fora das capitais e grandes centros urbanos também foi citada por Caprioli como barreira ao crescimento do segmento. “Existe um Brasil muito pujante, que cresce no interior. São cidades que carecem de infraestrutura para nossas aeronaves chegarem.”
O valor do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sob o combustível também torna o roteiro dos cruzeiros nacionais mais caros do que os estrangeiros. Somando todas as despesas, operar no Brasil custa 50% a mais do que em qualquer outro lugar do mundo, segundo Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil (Cruise Lines International Association).
“São muitas taxas portuárias, taxas de navegação, custos para trabalhar dentro dos portos”, afirmou.
A falta de estrutura adequada e atrasos de estudos da costa brasileira também foram mencionados como gargalos ao segmento.
Ferraz citou, como exemplo, a demora da abertura do Balneário Camboriú (SC) para cruzeiros no ano passado, 12 anos depois do início do processo de autorização. “Nós tínhamos de saber a profundidade, e a carta náutica era de 1957. Nós não confiamos nessa e pedimos para fazer um novo estudo”, afirmou.
Os especialistas também criticaram a grande burocracia brasileira. No ramo aéreo, a impugnação de vistos aos Estados Unidos faz com que os turistas visitem o Caribe, ao invés do Brasil.
“Queremos atrair turistas para o Brasil, mas exigimos um visto, que é um dos mais complexos e caros. Para que o turista norte-americano terá o trabalho de tirar o visto se ele pode ir para uma praia mais perto e similar?”, completou Caprioli. (Folhapress)