Um detector de vibrações a laser fica 24 horas apontado para um prédio de 12 andares na esquina da avenida Rio Branco com a rua Antônio de Godói, no centro de São Paulo. O edifício fica em frente ao Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, que desabou na madrugada do dia 1°.
É um dos pontos mais sensíveis do trabalho dos bombeiros, já que o prédio é estreito e chegou a ter também focos de incêndio. Na terça, o equipamento disparou um alarme, que detectou vibração no prédio.
A estrutura da igreja e do prédio vizinhos ao edifício que desabou também corre risco, mas é estável, segundo os bombeiros.
Na manhã desta quarta (2), uma escavadeira retira os escombros do edifício que desabou. Enquanto isso, bombeiros lançam água sobre o prédio, levantando uma ininterrupta fumaça branca. “A madrugada inteira teve ignição. Quando a gente para de jogar água, tem um novo foco de incêndio”, explicou o capitão Leandro da Hora, um dos coordenadores das operações.
Além do trabalho de resfriamento, outra frente dos bombeiros são as operações de busca. Há até agora uma vítima confirmada, um homem que estava sendo resgatado no momento do desabamento do prédio. A corda e o material de ancoragem que estavam sendo usados para resgatá-lo foram encontrados num local onde os cães usados nas buscas também indicaram haver uma vítima.
Este é o ponto onde se concentram as buscas. Nesta região, os bombeiros não lançam água. É possível encontrar vítimas com vida até uma semana depois do desmoronamento, diz o capitão Da Hora.
Os bombeiros usam uma câmera térmica que detecta aumento de calor em determinadas áreas (até 650°C) e a silhueta de possíveis corpos sob os escombros. No resgate, os agentes usam ainda detectores de gás, que indicam se há vazamento.
“A gente parte do pressuposto de que a área está OK para trabalharmos, mas depende de outros órgãos. A Eletropaulo confirmou que já fez o desligamento da área. Mas é se há uma ligação clandestina de energia? Se a gente puxa um pilar errado e causa um colapso”, diz o capitão dos bombeiros, sobre as dificuldades do trabalho.
A escavadeira atua apenas nos escombros caídos sobre a avenida. Para mexer na estrutura do prédio, é preciso aguardar pelo menos 48 horas após o início do incêndio, explica o capitão, até que a área seja resfriada. O prédio tinha 25 pavimentos (22 andares, uma sobreloja e dois subsolos), reduzidos, depois do desabamento, a uma altura de um edifício de cerca de 3 andares.
Nesta quarta, os bombeiros devem tentar acessar o subsolo do edifício a partir da parte subterrânea do prédio ao lado.
Moradores do prédio que desabou afirmam que o incêndio começou por volta da 1h30 de terça após uma explosão no quinto andar. Eles desconfiam que se trate de um botijão de gás que explodiu após uma discussão entre um casal. Depois do acidente, houve fogo e fumaça pelo prédio.
Segundo o secretário da Segurança Pública, Magino Alves, a principal hipótese da Polícia Civil, que apura as causas do incêndio, é de que o fogo tenha começado por um acidente doméstico -ainda não se sabe se vazamento de gás ou explosão de panela de pressão. Um inquérito foi aberto no 2°DP (Bom Retiro).
Durante a madrugada, o incêndio atingiu outros prédios no entorno da antiga sede da PF. Entre eles, a Igreja Martin Luther teve sua estrutura danificada. O templo é a primeira paróquia evangélica luterana da capital, inaugurada em 1908. (Folhapress)
{nomultithumb}