O anúncio da saída da Ford das terras brasileiras voltou a ser comentado na live do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quinta-feira (14/01). Ele criticou a forma como a imprensa anda tratando o assunto e também de forma ‘respeitosa’ a capacidade de gestão da montadora norte-americana: “Só que a Ford respeitosamente, mesmo com os subsídios, foi incapaz de deixar se levar pela concorrência. Então, os asiáticos, carros chineses, coreanos vieram para cá e sufocaram a Ford”, disparou.

Bolsonaro lamentou as demissões que a decisão da Ford provocou e voltou a citar uma lógica capitalista para justificar o fechamento da montadora norte-americana. “Lamentamos profundamente o que aconteceu, mas num país democrático onde se respeita a liberdade de mercado, quem dá lucro permanece, quem não dá lucro, fecha”.

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A imprensa não poderia ficar de fora das críticas. Bolsonaro dedicou alguns minutos do seu tempo para separar algumas notícias e comentá-las. “Imprensa sem caráter”, bradou. 

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No caso da montadora, ele disse que a abordagem jornalística estava sendo realizada, não era justa. “Foi uma salavada de críticas, né? “O presidente Bolsonaro é incompetente… Ele não previu, não negociou para a Ford ficar no Brasil… 5 mil empregos perdidos…’, pessoal, eu não quero perder nenhum emprego, no que depender de mim. Então, o quadro pintado no momento são 5 mil perdidos, sim. Agora, não se fala na mesma matéria que em novembro foram criados 114 mil empregos no Brasil”, destacou.

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Ele voltou a contar a história de que a Ford foi parar na Bahia por lobby do senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA) numa negociação que viu acontecer enquanto era deputado federal. “A questão da Ford eram os subsídios bilionários que eles sempre tiveram. Porque foi para a Bahia a Ford? Eu estava no Congresso como parlamentar. 2009, o senador Antônio Carlos Magalhães foi quem negociou isso. Então a Bahia acolheu a Ford com incentivos e isenção de tributos. E porque foi para Bahia? Porque não tinha outra montadora lá. Se a Ford fosse para São Paulo a VW ia falar assim: ‘porque tem isenção de tributos para vocês e incentivo e para mim não tem?’, e não foi para Bahia.”

Montadoras contestam presidente

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) no entanto, contesta a justificativa de Bolsonaro. O presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes concedeu entrevista ao jornal O Globo, nesta última quarta-feira (13/01) e ponderou que o setor vem pedindo há meses uma reforma tributária, pois a alta carga de impostos atrapalha a fabricação dos veículos. Ele citou uma prática comum na Black Friday: o aumento de preços na véspera das promoções com os “descontos” inexistentes. 

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“O custo do Estado é muito pesado, ninguém aguenta mais pagar imposto. E daí vêm pessoas falar em subsídio. Na verdade é igual ao que eu falei da Black Friday: aumenta o preço para dar o desconto. Vamos ser honestos: é impossível desenvolver uma indústria com esta carga tributária”, comentou durante a entrevista. Moraes citou o exemplo do México que tem um custo para produzir 18% menor que no Brasil.

“A gente não quer subsídios, quer competitividade. Estamos há anos mostrando medidas que precisam ser feitas para melhorar a competitividade no Brasil”, destacando medidas e chamando o sistema  de tributos brasileiros de “manicômio tributário”. Uma reforma neste sentido vem se arrastando há meses e deverá ser pautada ainda este ano.

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