A Polícia Federal deve indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado no Brasil após as eleições presidenciais de 2022. A expectativa é que o relatório final das investigações seja enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) ainda hoje. O ex-presidente é mencionado 28 vezes na decisão que autorizou a operação.
Além de ser o beneficiário natural caso o golpe tivesse êxito, Bolsonaro recebeu no Palácio do Planalto o general da reserva Mário Fernandes, que foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante sua gestão. Na ocasião, Fernandes apresentou um documento com o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que detalhava a execução de autoridades e a criação de um gabinete golpista, conforme apuração da Polícia Federal. A investigação considerou Fernandes como uma figura próxima ao ex-presidente.
Ex-ministros, como o general Augusto Heleno (GSI) e Braga Netto (Defesa), além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, também devem ser mencionados no relatório final. Além disso, as omissões do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, em depoimentos à Polícia Federal podem resultar em sua reclusão novamente.
Cid negou, em depoimento, ter conhecimento de um plano golpista, mas sua versão contrasta com declarações feitas em outro depoimento. A PF possui elementos que indicam que Cid estava ciente do plano e tinha um papel relevante em sua execução. O militar foi convocado para uma audiência com o ministro Alexandre de Moraes nesta quinta-feira (21), o que pode definir seu destino, além de impactar sua possível perda dos benefícios da delação premiada.
De acordo com informações divulgadas pela CNN, o julgamento de Bolsonaro e dos demais envolvidos na tentativa de golpe no STF deve ocorrer entre março e abril de 2025. Se o relatório da Polícia Federal for encaminhado para o STF ainda nesta semana, o ministro Alexandre de Moraes deverá enviá-lo à Procuradoria-Geral da República no dia seguinte.
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (19) a Operação Contragolpe para desarticular organização criminosa responsável por planejar um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o pleito de 2022. O plano incluía o assassinato de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
A corporação informou ter identificado a existência de “um detalhado planejamento operacional”, denominado Punhal Verde e Amarelo, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022. “Ainda estavam nos planos a prisão e a execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que vinha sendo monitorado continuamente, caso o golpe de Estado fosse consumado”, destacou a PF.
Foram presos: Mário Fernandes, general da reserva do Exército e ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro; Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel da ativa; Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel da ativa; Rodrigo Bezerra Azevedo, major da ativa; e Wladimir Matos Soares, policial federal. Os cinco foram detidos preventivamente, ou seja, com prisões determinadas antes do encerramento do caso e de qualquer condenação.