THAIS BILENKY, MARIANA CARNEIRO E MARINA DIAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Na primeira reunião que fará com sua equipe ministerial completa, nesta quarta-feira (19) em Brasília, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), deve pedir empenho para a aprovação da reforma da Previdência e cobrará metas para a redução de gastos e de cerca de 30% dos cargos comissionados do governo federal.
Diante de seus 22 ministros, que serão recebidos para um almoço na Granja do Torto, Bolsonaro quer passar a ideia de que pretende implementar um governo menos gastador e com a máquina pública mais enxuta.
Cada ministro terá de dez a vinte minutos para fazer uma apresentação com o organograma de sua pasta, já com previsões para cortes de cargos, metas de curto, médio e longo prazo, e suas principais políticas públicas.
A equipe de Paulo Guedes (Economia) pretende mostrar aos demais que é possível trabalhar com menos recursos -já que começou a haver reclamações entre os auxiliares do novo governo por mais verba nos ministérios.
Segundo assessores da transição, o objetivo era também tentar apresentar uma proposta mais objetiva para as mudanças na aposentadoria já durante o encontro, com cronograma e pontos específicos do projeto que será enviado ao Congresso.
Uma reunião entre os futuros ministros Guedes, Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), secretário especial da Previdência do novo governo, foi feita nesta terça-feira (18) para tentar avançar no assunto, mas ainda não houve consenso.
A reforma da Previdência é considerada prioridade do novo governo e fundamental, segundo Guedes, para reequilibrar as contas públicas.
Bolsonaro orientou sua equipe a desenhar uma proposta com transição suave e gradual, mas não deu detalhes sobre o texto e a ausência de um plano objetivo causou desconforto, inclusive, entre parlamentares da bancada do PSL, o partido do presidente eleito.
Conforme publicou a Folha de S.Paulo, em reunião com Guedes na semana passada, deputados e senadores reclamaram que a equipe do futuro ministro pede empenho para articular apoio à reforma no Congresso, mas não apresenta datas nem uma proposta concreta, o que dificulta a defesa de uma medida impopular.
O novo governo estuda pelo menos três propostas de mudanças na aposentadoria: uma elaborada por aliados do presidente eleito, os irmãos Abraham e Arthur Weintraub, baseada no modelo chileno, outra feita pelos economistas Armínio Fraga e PauloTafner, e uma terceira, de aproveitar parte da proposta enviada por Michel Temer ao Congresso em 2016 -e que já foi aprovada em comissão especial na Câmara.
Guedes já afirmou que deve aproveitar parte do texto de Temer, porém, sem especificar os pontos que serão considerados por sua equipe.
Bolsonaro, por sua vez, disse que apresentaria uma proposta fatiada, mas também sem explicar como isso funcionaria na prática.