O presidente Jair Bolsonaro criticou no último sábado (21/12) o vazamento de informações sigilosas no procedimento investigatório criminal instaurado para apurar supostas movimentações suspeitas envolvendo Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ). Queiroz era lotado no gabinete do parlamentar à época em que Flávio era deputado estadual.
“Eu vou responder e sem a réplica. O processo está em segredo de Justiça. Quem é que julga? O MP [Ministério Público] ou o juiz? Os caras vazam e julgam. Paciência, pô. Qual a intenção? Um estardalhaço enorme”, disse durante entrevista de balanço de um ano de governo, concedida a jornalistas no Palácio do Alvorada, residência oficial.
O presidente também criticou os julgamentos sobre o caso sem ainda um processo judicial instaurado. “Será por que falta materialidade para ele e o que vale é o desgaste agora? Quem está feliz com essa exposição aí absurda na mídia? Alguém está feliz com isso. Agora, se eu não tiver cabeça no lugar, eu alopro. Que leve o caso dele de acordo com a legislação que está aí”, acrescentou.
Para Bolsonaro, todo os Poderes da República precisam ter alguma forma de controle, para evitar abusos. “Não é [controle] do Executivo. Quando começa a perder o controle, buscar pelo em ovo. Eu sou réu no Supremo. Já sofri processos os mais variados possíveis. Então, a questão do Ministério Público está sendo um abuso, eu noto. Qual a interferência minha? Zero”, afirmou.
Reforma tributária
O presidente disse que não será possível reduzir a atual carga tributária no país, mas que é possível simplificar impostos. Ele disse não ver “tanta dificuldade” em aprovar uma reforma tributária no ano que vem.
“É do interesse da sociedade, como é a [reforma] da Previdência. Então, não vejo tanta dificuldade. O que tenho falado com Paulo Guedes [ministro da Economia] é usar mais a palavra simplificação e ver o que poder ser aprovado. Se, no passado, todas as outras tentativas não deram certo, se tivesse simplificado um pouquinho hoje talvez não precisasse de uma reforma tributária. Vamos dar um passo. Nosso peso [despesa] obrigatório é muito alto, folha de pagamentos, a questão dos benefícios sociais, a gente gasta R$ 200 bilhões por ano, se botar o BPC [Benefício de Prestação Continuada], o Bolsa Família. Seria bom que não tivesse essa despesa, porque seria sinal que de o povo está bem, mas tem que continuar isso daí. Não tem como fazer milagre. Está em torno de 36% nossa carga tributária, não tem como baixar, mas também não vamos aumentar. Deixo na mão do Paulo Guedes para ver o que ele acha melhor”, disse.
Embaixada em Jerusalém
O presidente afirmou que está mesmo empenhado em transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
“Esse é um simbolismo para o povo evangélico. Já conversei com todos [os países mulçumanos]. Ninguém foi 100% contra até agora. Teve gente que teve restrição. Haveria retaliações econômicas da parte deles? Iriam comprar em outro lugar? Eu não estou impondo, se tivesse feito um decreto nesse sentido, [mas] estamos conversando, ué. É um direito nosso, meu como chefe de Estado”, disse.
A transferência da embaixada é uma promessa de campanha de Bolsonaro, mas esbarra em resistência de países islâmicos, que ocupam a terceira posição entre os principais importadores de produtos agrícolas brasileiros. Em 2018, as exportações para essas nações somaram US$ 16,4 bilhões.
A cidade de Jerusalém está no centro de confrontos e disputas entre palestinos (islâmicos) e israelenses (judeus), pois ambos reivindicam o local como sagrado. Além disso, a região de Jerusalém Oriental é considerada como capital de um futuro estado palestino.
Para evitar o agravamento da situação, os países consideram Tel Aviv como a capital administrativa de Israel, onde ficam as representações diplomáticas internacionais. Mesmo assim, em dezembro de 2017, o governo de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou a decisão de transferir a embaixada do país de Tel Aviv para Jerusalém.