A Bolsa brasileira quebrou a sequência de três altas e fechou com leve queda nesta quinta (14), com os investidores optando por embolsar parte dos lucros, mas ainda de olho em indicadores que apontam para a recuperação da economia brasileira. O dólar recuou para R$ 3,11 em sessão de correção.
O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas, caiu 0,18%, para 74.656 pontos. O volume negociado foi de R$ 9,3 bilhões, acima da média do ano, que é de R$ 8,16 bilhões.
O dólar comercial fechou em baixa de 0,73%, para R$ 3,116. O dólar à vista, que termina as negociações mais cedo, caiu 0,21%, para R$ 3,133.
Os investidores acompanharam a divulgação do indicador de atividade econômica do Banco Central, que mostrou crescimento de 0,41% em julho na comparação mensal, na segunda alta consecutiva.
O dado reforça a percepção de que a economia brasileira está se recuperando, afirma Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. Mas ele recomenda cautela. “É preciso pelo menos mais um trimestre para confirmar que saímos da recessão. Apesar do dado ruim de varejo, estamos num ciclo de queda de juros, o que significa que os consumidores estão diminuindo o endividamento. Isso deve se consolidar com a melhora no mercado de trabalho, e esse movimento deve durar até pelo menos o ano que vem”, afirma.
O mercado aguardava também para saber se a Procuradoria-Geral da República apresentaria nova denúncia contra o presidente Michel Temer, após o STF (Supremo Tribunal Federal) rejeitar pedido do peemedebista para impedir o procurador Rodrigo Janot de atuar contra ele.
A notícia acabou se confirmando após o fechamento do pregão, com a apresentação da segunda denúncia contra Temer sob acusação de obstrução da Justiça e participação em organização criminosa.
Na Bolsa, destaque para as ações da JBS, que subiram 3,87% e lideraram as altas do Ibovespa, um dia após a prisão do presidente da empresa, Wesley Batista. Para Vieira, os investidores avaliam que a saída do executivo “retira componentes tóxicos do comando da empresa”.
“A empresa é relativamente sólida dentro do cenário em que atua, mas tinha elementos problemáticos. Como ela tem potencial, é como se fosse extirpado o elemento tóxico”, disse.
As ações da Vale estiveram entre as maiores quedas do índice, após queda de 3,36% dos preços do minério de ferro no exterior. As ações ordinárias caíram 3,31%, para R$ 33,62. As ações preferenciais se desvalorizaram 2,58%, para R$ 30,98.
Os papéis da Petrobras fecharam com sinais mistos, em dia de valorização do petróleo nos mercados internacionais. As ações mais negociadas da estatal subiram 0,07%, para R$ 15,04. As ações ordinárias recuaram 0,19%, para R$ 15,65.
No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco caíram 0,23%. As ações preferenciais do Bradesco perderam 0,76%, e as ordinárias caíram 0,24%. O Banco do Brasil fechou em leve alta de 0,09%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil se desvalorizaram 2,29%.
O dólar perdeu força entre 19 das 31 moedas mais importantes do mundo. O dia foi de correção no mercado cambial, após a moeda encostar em R$ 3,15 nesta quinta.
Dados de inflação nos Estados Unidos mostraram uma aceleração dos preços ao consumidor no país, mas não de forma a levar o banco central americano a realizar novo aumento de juros neste ano, na avaliação de analistas.
A inflação ao consumidor subiu 0,4% em agosto, devido em parte ao avanço dos custos com gasolina após passagem do furacão Harvey, que provocou o fechamento temporário de refinarias.
Até agora, o Banco Central não anunciou se rolará os swaps cambiais tradicionais -equivalentes à venda de dólares no mercado futuro- que vencem em outubro e que somam US$ 9,975 bilhões.
O CDS (credit default swap, espécie de termômetro do risco-país) subiu 0,12%, para 181,8 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados caíram. A taxa para janeiro de 2018 caiu de 7,625% para 7,605%. A taxa para janeiro de 2019 recuou de 7,590% para 7,550%. (Folhapress)