Influências externas positivas e um cenário político mais ameno favoreceram a quarta alta seguida da Bolsa brasileira, que renovou nesta quinta-feira (13) o maior patamar em quase dois meses. No mercado cambial, o dólar fechou praticamente estável, cotado a R$ 3,21.
O Ibovespa encerrou o dia com alta de 0,53%, para 65.178 pontos. É o maior nível desde 17 de maio, quando foi divulgada a notícia da delação do empresário Joesley Batista, que mergulhou o governo em uma crise política. O volume financeiro negociado foi de R$ 7,384 bilhões. A média diária do ano no pregão é de R$ 8,14 bilhões.
O dólar comercial teve leve alta de 0,06%, para R$ 3,210. O dólar à vista, que fecha mais cedo, encerrou com queda de 0,25%, para R$ 3,208.
No cenário doméstico, o mercado aguardava a sanção do presidente Michel Temer reforma trabalhista, que ocorreu à tarde. Os investidores acompanhavam também a votação, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), da denúncia da Procuradoria-Geral da República, segundo a qual o peemedebista cometeu crime de corrupção passiva no exercício do cargo.
Depois do fechamento do mercado, a comissão rejeitou parecer favorável à denúncia contra Temer.
Na tentativa de se manter no poder, Temer ofereceu a dirigentes de partidos como PP, PR, PSD e PRB os cargos atualmente ocupados pelo PSDB em seu governo para que essas siglas ajudem a salvá-lo na votação da denúncia apresentada contra ele.
Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos, avalia que ainda não está claro se a permanência do presidente é positiva ou negativa para a economia. “Mais importante é saber se a equipe econômica vai ser mantida, se será mantida essa agenda de que o Brasil precisa fazer reforma, se haverá uma articulação dentro do Congresso”, diz.
“Se a permanência do Temer é suficiente para fazer avançar as reformas, está bom. Ao menos não representa ameaça de retrocesso na agenda reformista”, complementa.
A Bolsa contou ainda com o contexto internacional positivo, com um apetite maior de investidores a risco após o discurso da presidente do banco central americano, Janet Yellen, indicando aumento gradual dos juros nos Estados Unidos. Ela falou nesta quinta no Congresso e destacou que o crescimento de 3% do país é “desafiador”.
As notícias positivas envolvendo commodities, com a alta dos preços do petróleo e do minério de ferro, não ajudaram as ações de Petrobras e Vale, que caíram.
Os papéis mais negociados da Petrobras recuaram 0,54%, para R$ 12,87. As ações que dão direito a voto encerraram com queda de 0,22%, para R$ 13,55.
No caso da mineradora, as ações sofreram um baque maior. Os papéis preferenciais da Vale se desvalorizaram 2,35%, para R$ 27,42. As ações ordinárias tiveram baixa de 2,41%, para R$ 29,18.
No campo positivo, as ações da JBS dispararam 9,39%, após a Justiça liberar a venda de ativos da companhia. Com dívidas de cerca de R$ 50 bilhões, a companhia de alimentos precisa vender parte de seus negócios para quitar empréstimos, renegociar financiamentos com bancos credores, e manter o ritmo de suas operações.
Também circularam informações de que a JBS estaria perto de refinanciar com credores R$ 18 bilhões de dívidas que vencem em um ano.
Outro destaque positivo foram as ações do Bradesco, que subiram após o banco anunciar programa de demissão voluntária. Os papéis preferenciais do Bradesco subiram 0,88%, e os ordinários avançaram 1,13%.
Ainda no setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco avançaram 0,27%. Os papéis do Banco do Brasil tiveram alta de 0,90%. As units -conjunto de ações- do Santander Brasil fecharam estáveis.
O Banco Central deu continuidade às intervenções no mercado cambial e vendeu 8.300 contratos de swaps (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). A autoridade monetária está rolando os contratos que vencem em agosto. Até agora, já rolou US$ 1,660 bilhão do total de US$ 6,181 bilhões que vence no mês que vem.
O CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote) recuou 0,54%, no quinto dia de baixa.
No mercado de juros, os contratos fecharam com sinais mistos. As taxas dos contratos que vencem em janeiro de 2018 recuaram de 8,720% para 8,715%.
Os contratos para janeiro de 2019 subiram de 8,640% para 8,650%. (Folhapress)