O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou até o terceiro trimestre deste ano lucro líquido de R$ 6,363 bilhões, aumento de 98,7% sobre o mesmo período de 2017, que totalizou R$ 3,202 bilhões. “Nós fizemos o resultado de um ano em nove meses. O lucro apresentado pelo BNDES nos últimos três anos foi dessa ordem”, celebrou nesta quarta-feira (14), no Rio de Janeiro, o diretor de Planejamento e Operações Automáticas do banco, Ricardo Ramos. No terceiro trimestre, o resultado líquido atingiu R$ 1,603 bilhão.
O retorno de participações societárias teve papel relevante no lucro, cujo resultado bruto alcançou no período R$ 5,76 bilhões, crescimento de 99,4% comparativamente aos primeiros nove meses do ano passado (R$ 2,88 bilhões). “Foram nove meses muito bons para o banco, de forma geral”, disse o diretor.
O superintendente da Área de Integridade, Controladoria e Gestão de Risco, Carlos Frederico Rangel, destacou a alienação, no terceiro trimestre deste ano, de ações da mineradora Vale, no montante de R$ 600 milhões. Lembrou, ainda, que, no primeiro semestre, foram alienadas participações de Petrobras (R$ 1,8 bilhão) e, no segundo trimestre, de Eletropaulo (R$ 1 bilhão).
As três empresas responderam, juntas, por 96% do resultado com alienações. Os percentuais de participação da subsidiária BNDES Participações (Bndespar) no capital total da Petrobras e Vale caíram de 9,67% e 7,60% na data de 31 de dezembro do ano passado, para 8,37% e 7,35%, respectivamente, em 30 de setembro de 2018.
Contribuiu ainda para o lucro do banco a redução de provisão para risco de crédito de R$ 5,63 bilhões, nos primeiros nove meses de 2017, para R$ 1,68 bilhão até setembro de 2018. Isso se explica, segundo Carlos Rangel, pela menor necessidade de constituição de novas provisões.
No balanço patrimonial referente às operações de crédito, Carlos Rangel explicou que o aumento observado no total de provisões para risco de crédito, de R$ 12,9 bilhões até junho último, para R$ 19,3 bilhões até setembro, se deve à recuperação de perdas do passado. “Foi prejuízo no passado e a gente conseguiu reverter o crédito de volta para o balanço por força da regulação”, esclareceu. Ele acredita que a tendência, agora, é que os clientes do banco comecem a recuperar suas situações de adimplentes na instituição. O patrimônio de referência do BNDES até setembro deste ano é de R$ 167,296 bilhões.
O patrimônio líquido do sistema BNDES totalizou R$ 80,6 bilhões no final do terceiro trimestre, expansão de 12,8% em comparação a junho. O resultado é explicado pelo lucro líquido de R$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre, entre outros fatores.
A subsidiária BNDES Participações (Bndespar) apresentou lucro líquido nos nove meses de 2018, até setembro, de R$ 5,35 bilhões. Esse lucro foi ajustado pelos ganhos de alienações de participações acionárias. “É um dos maiores lucros dos últimos seis anos”, disse Carlos Rangel.
O diretor Ricardo Ramos ressaltou a qualidade da carteira de crédito do BNDES, com concentração de 94,6% entre os níveis de risco AA e C, superando a média de 90,4% do Sistema Financeiro Nacional. A despesa com provisão de risco de crédito caiu 70% em relação ao acumulado janeiro/setembro de 2017.
Carlos Rangel explicou que a queda dos ativos totais do BNDES (R$ 791,480 bilhões) em setembro, em relação a junho deste ano (R$ 834,461 bilhões), resultou de dois fatores principais. O primeiro é que o volume de desembolsos vem ocorrendo em ritmo menor do que o retorno das operações. A isso se soma a questão de retorno de valores ao acionista, que é o Tesouro Nacional, o que diminui o disponível do banco. “A gente vem, desde o exercício passado, em constante redução total dos ativos”. Em contrapartida, cresceu o patrimônio líquido do banco, de R$ 71,487 bilhões, em junho de 2018, para R$ 80,604 bilhões no terceiro trimestre, em função principalmente do lucro, disse o superintendente.
A inadimplência acima de 90 dias também cresceu no período, passando de 1,45% em junho para 2,94% em setembro. De acordo com o diretor de Planejamento, o principal devedor do BNDES é o estado do Rio de Janeiro. Sem esse estado, a inadimplência cai para R$ 1,67%, disse Ricardo Ramos.
Segundo o diretor, o resultado do banco é pouco impactado pelas dívidas da Venezuela e de Cuba em financiamentos à exportação de engenharia porque o banco tem a garantia do Fundo Garantidor à Exportação (FGE), que vai cobrir essa perda. (Agência Brasil)