A cotação do bitcoin despencou quase 7,5% nesta sexta (22) e a moeda viu seu valor recuar para US$ 14.239, no quarto dia de desvalorização seguido. No período, a queda acumulada chegou a 23,75%.
Na semana o recuo foi menor, de 19,2%. Ainda assim, foi a pior semana desde a encerrada em 16 de janeiro de 2015, quando a criptomoeda teve baixa de 28,1%.
O dia foi ruim para outras criptomoedas. O bitcoin cash chegou a cair 28,8%, antes de fechar com baixa de 7,45%. A ethereum recuou 35,9% na mínima, mas subiu 1,1%.
A queda desta sexta se dá poucos dias após o bitcoin atingir o valor recorde de US$ 18.674, levantando preocupações sobre o movimento ser o de uma bolha especulativa.
A semana teve eventos desfavoráveis para a criptomoeda. A corretora Youbit, na Coreia do Sul, anunciou na terça (19) que foi hackeada e perdeu 17% dos ativos. A empresa fechou as portas, e quem tinha dinheiro lá foi informado de que poderia sacar apenas 75% das criptomoedas.
A Coinbase, baseada em São Francisco (EUA), também teve problemas. A casa anunciou, nesta semana, que passaria a aceitar o bitcoin cash.
Por causa disso, o preço da moeda se valorizou, o que gerou suspeitas de que alguém na Coinbase teria usado a informação para obter ganhos no mercado. A negociação de bitcoin cash foi interrompida logo depois, na quarta (20).
Autoridades também manifestaram preocupação com a especulação em torno da criptomoeda. O diretor do banco central da Dinamarca disse, na quarta, que o bitcoin era uma jogatina “mortal”. A autoridade monetária da Cingapura soltou um alerta pedindo “cuidado extremo” para investidores.
REALIZAÇÃO DE LUCROS
Para Alan de Genaro, professor de economia na Universidade de São Paulo, a queda nos últimos dias pode ser explicada por uma realização de lucros de investidores que esperaram o recorde de alta na segunda-feira.
“O preço subiu muito, então é natural que alguns detentores de bitcoin acabem por vender suas posições para receber dinheiro”, afirma.
Ele diz que é difícil prever se a tendência é queda ou de recuperação a partir de agora. “Uma hora ou outra as pessoas vão vender seus ativos para transformá-los em dólares ou outra moeda.”
A volatilidade era esperada, afirma Ricardo Rocha, professor do Insper. “Se, de fato, não é bolha, é uma realização de lucros saudável”.
“O pessoal está vendendo”, diz Rudá Pellini, sócio da plataforma de investimento Wise&Trust. “A diferença é que nesse mercado não tem circuit breaker [trava nas negociações na queda]. Mas as correções do bitcoin são pesadas e são duras, em junho já tivemos algo parecido.”
(FOLHA PRESS)