Com a inflação distante da meta de 2% ao ano, o banco central americano decidiu, nesta quarta (20), adiar o terceiro aumento de juros nos Estados Unidos e manter a taxa na faixa de 1% e 1,25% ao ano. O Fed anunciou ainda que vai iniciar, em outubro, a normalização de seu balanço patrimonial de US$ 4,2 trilhões.
A decisão de política monetária era esperada pelos investidores e economistas consultados pela agência Bloomberg. Segundo estimativa, a probabilidade de manutenção era de 99,4%, enquanto a de alta de 0,25 ponto percentual era de apenas 0,6%.
O mercado joga a probabilidade de alta para a reunião de dezembro, quando o Fed deve ter dados mais sólidos de inflação e mercado de trabalho. Neste ano, o Fed aumentou os juros nas reuniões de março e junho.
Em projeções econômicas divulgadas também nesta quarta, o Fed indicou que fará um terceiro aumento e prevê mais três no próximo ano. Segundo o material, 11 dos 16 membros veem o nível apropriado para os juros na faixa entre 1,25% e 1,5% até o fim do ano.
Uma das preocupações do mercado era com o potencial impacto dos furacões que atingiram os Estados Unidos nesta temporada sobre a economia local. O Fed afirmou que as reconstruções e outras atividades relacionadas às tempestades tropicais vão afetar a economia no curto prazo, mas que “experiências passadas sugerem que as tempestades não devem alterar materialmente o curso da economia nacional no médio prazo.”
Por causa disso, o Fomc (comitê de política monetária) espera que a atividade econômica cresça a um ritmo moderado e que as condições do mercado de trabalho se fortaleçam mais.
A manutenção ocorre em meio a um cenário de inflação pouco pressionada. O indicador utilizado pelo banco central americano para mensurar o aumento de preços ao consumidor acumulou, em julho, alta anualizada de 1,4%.
No comunicado, o Fed disse esperar que a alta dos preços da gasolina e de outros itens como decorrência do efeito dos furacões deve pressionar a inflação temporariamente. No entanto, isolado esse efeito, a inflação acumulada em 12 meses deve permanecer abaixo de 2% no curto prazo e se estabilizar em torno da meta no médio prazo.
Os dados de mercado de trabalho também não estão sólidos o suficiente. Em agosto, os EUA criaram 156 mil vagas de trabalho, contra expectativa de criação de 180 mil.
O salário médio por hora cresceu 0,1%, depois de avançar 0,3% em julho, mantendo a alta na comparação anual em 2,5% pelo quinto mês consecutivo.
Por outro lado, a atividade econômica americana segue crescendo mais rápido que o esperado. O PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre avançou a uma taxa anual de 3%, no ritmo mais rápido em mais de dois anos, com sinais de que o impulso se manteve no início do terceiro trimestre.
O crescimento no último trimestre foi o mais forte desde o primeiro trimestre de 2015 e seguiu-se a um ritmo de 1,2% no período de janeiro a março. Os economistas entrevistados pela Reuters esperavam que o crescimento do PIB no segundo trimestre fosse revisado para 2,7%.
A última alta de juros ocorreu na reunião de junho do Fomc, quando o Fed aumentou a taxa para a banda entre 1% e 1,25%. Antes, os juros subiram em março deste ano, dezembro de 2016 e dezembro de 2015. (Folhapress)