Se 9.000 funcionários aderirem ao plano extraordinário de aposentadoria anunciado pelo Banco do Brasil, a instituição financeira terá uma economia anual de R$ 2,13 bilhões ao ano. A reestruturação anunciada pelo banco também inclui fechamento de agências e um conjunto de medidas para reduzir despesas que abaterá custos em outros R$ 750 milhões anuais -totalizando quase R$ 2,9 bilhões.
Se todos os funcionários que se encaixam nos requisitos aderirem, a economia anual do banco poderia chegar a R$ 3,75 bilhões, somando os abatimentos.
O anúncio do plano de reestruturação agradou o mercado financeiro. As ações do Banco do Brasil sobem mais de 5% nesta sessão na Bolsa brasileira.
Com as medidas, o banco espera se adequar às regras internacionais de saúde financeira determinadas pelo BIS (Banco de Compensações Internacionais), que é uma espécie de banco central dos bancos centrais, já em julho do ano que vem, sem nenhum aporte do Tesouro Nacional.
“O prazo é janeiro de 2019, mas queremos chegar já em julho do ano que vem, por razões prudenciais”, afirmou Paulo Caffarelli, presidente da instituição, em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira (21). “Para isso, temos que melhorar rentabilidade e cortar despesas”.
“O prazo é janeiro de 2019, mas queremos chegar já em junho do ano que vem, por razões prudenciais”, afirmou Paulo Caffarelli, presidente da instituição, em entrevista a jornalistas nesta segunda. “Para isso, temos que melhorar rentabilidade e cortar despesas”.
A instituição financeira informou que quer reduzir 9.300 postos de trabalho, dos 109 mil existentes hoje, para funcionar com mais eficiência. Pretende fazer isso através de um plano de incentivo à aposentadoria que envolve pagamento de 12 salários e indenização pelo tempo de serviço que varia entre 1 e 3 salários, dependendo do tempo de banco do funcionário.
O prazo de adesão é 9 de dezembro deste ano.
Hoje, 18 mil funcionários se encaixam nos requisitos para aderirem ao plano -mais de 50 anos de idade e 15 anos de casa. O banco divulgou algumas simulações sobre o quanto poderia ser economizado, dependendo da adesão: se 5 mil aderirem, a economia seria de R$ 1,18 bilhão anuais, se todos resolverem se aposentar, a economia seria de R$ 3 bilhões anuais.
Se a metade decidir pela aposentadoria, que é o objetivo do banco com o plano, a economia anual seria de R$ 2,13 bilhões por ano, o que também ajudaria o Banco do Brasil a reduzir o custo de R$ 3 bilhões a mais com pessoal que possui em relação aos bancos privados.
Se o plano de incentivo à aposentadoria não atingir os 9,3 mil postos de trabalho, o banco planeja esperar que essa meta seja alcançada naturalmente, já que entre 150 e 200 funcionários deixam a instituição todos os meses, em média. O Banco do Brasil estima que teria um custo de R$ 2,7 bilhões se todos os funcionários aderissem ao programa, valor que seria diluído nos custos do banco em sete meses.
Também para reduzir gastos com pessoal o banco ampliou para assessores de direção, superintendentes e órgãos regionais, um universo de 6 mil funcionários, um plano de 2013 que oferece benefício ao funcionário em troca de redução de jornada de 8 horas para 6 horas.
A principal vantagem para quem aderir ao programa é o aumento de 12% no valor pago pela hora trabalhada. De 2013 para cá, esse programa, que foi oferecido para 24 mil funcionários de salários mais baixos, significou uma economia de R$ 410 milhões por ano. “Desses 24 mil funcionários, 71% já fazem jornada de seis horas”, disse o presidente do banco.
Somam-se a essas ações na área de redução de gastos com pessoal os R$ 750 milhões que a instituição prevê economizar todos os anos com o fechamento de 402 agências e a transformação de outras 379 em postos de atendimento, entre outras medidas.
Desse montante, R$ 450 milhões serão economizados com o enxugamento da estrutura organizacional e R$ 300 milhões com redução de gastos com transporte de valores, segurança e despesas com os imóveis.
“Não deixaremos de atuar em nenhum município em que o Banco do Brasil já está”, disse Caffarelli.
No total, são 781 agências, de um total de 5.430, que deixarão de existir -o que corresponde a 14% do total. Dos pontos fechados, 379 serão convertidos em postos de atendimentos, uma versão menor e mais barata de servir ao cliente. As outras 402 serão desativadas, somando-se a outras 51 agências que começaram a ser fechadas em outubro.
De acordo com o executivo, a ideia é que todos os funcionários das agências que serão fechadas sejam realocados, se possível no mesmo município.
A principal diferença entre agências e postos de atendimento é que na primeira existe um gerente geral, e no posto de atendimento, não.
“Ou seja, no posto de atendimento há uma complexidade administrativa menor”, disse Paulo Roberto Lopes Ricci, vice-presidente de distribuição de varejo e gestão de pessoas do Banco do Brasil.
Em comunicado ao mercado, o banco diz que a rede de atendimento será reorganizada para adequá-la “ao novo perfil e comportamento dos clientes” e que não comprometerá a presença do BB nos municípios em que atua. As mudanças devem ocorrer ao longo de 2017.
A instituição tem hoje mais agências que seus concorrentes, incluindo o Bradesco, que soma 5.337 pontos após a incorporação do HSBC, em julho deste ano. O Bradesco fechou a compra do braço brasileiro do HSBC em agosto do ano passado.
Também serão enxugadas 31 superintendências regionais, e três diretorias serão extintas, com funções redistribuídas para outras áreas.
Na contramão do fechamento de grandes agências, o BB planeja abrir, nos próximo ano, 255 agências digitais. A expectativa é atender 4 milhões de clientes nesse sistema -hoje são 1,3 milhão da alta renda.
Esse novo modelo de atendimento, voltado a clientes que quase não vão ao banco, também está em adoção pelas demais instituições.
Outro foco de investimento dos bancos está nos aplicativos para celular.
Segundo o BB, 40% das transações bancárias já são feitas pelo smartphone, enquanto outros 27% são via internet banking.
A tendência é semelhante nos demais bancos. O celular já é o principal canal bancário do Bradesco, enquanto no Santander, celular e computador respondem por 65% das transações realizadas pelos correntistas. No Itaú, 70% das transações são feitas pelos canais digitais.
O que será fechado
781 agências, sendo que 379 serão convertidas em postos de atendimentos
31 superintendências regionais serão fechadas
3 diretorias, que terão funções redistribuídas
O que fazer
A migração de clientes atendidos em agências fechadas será automática
Não haverá mudança de cartões e senhas para transações na nova agência, mesmo que haja alteração no número da conta
O banco vai comunicar a mudança via site, SMS, aplicativo para celular, caixa eletrônico, correspondências e cartazes nas agências
Programa de aposentadoria
18 mil funcionários que já poderiam ter se aposentado terão incentivo para deixar o banco
Folhapress