O Banco Central manteve o ritmo de corte da taxa Selic e reduziu em 1 ponto percentual o juro básico, de 11,25% para 10,25%, conforme comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgado nesta quarta-feira (31).
A manutenção do ritmo era esperada pela maioria dos analistas ouvidos pela agência internacional de notícias Bloomberg. Dos 47 especialistas consultados, 43 estimavam o corte de 1 ponto percentual. Três previam redução menor, para 10,50%, e um apostava em afrouxamento monetário maior, para 10% ao ano.
A decisão dissipa a dúvida que pairava sobre o mercado em relação à intensidade do corte dos juros, após a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista que mergulhou o governo em instabilidade política nas últimas duas semanas.
Na sequência das revelações de que Joesley tinha gravações de áudios envolvendo o presidente Michel Temer, houve forte reação na Bolsa brasileira, que travou os negócios pela primeira vez desde 2008. O dólar também disparou, assim como as taxas de contratos de juros futuros.
Com isso, a rentabilidade de papéis da dívida pública retornou a patamares que não eram registrados desde o final do ano passado, quando o governo começava a apresentar suas propostas de reformas.
Antes das delações, o mercado trabalhava com um corte maior na Selic, de 1,25 ponto percentual, em uma tentativa do Banco Central de reanimar a economia brasileira. O governo divulga nesta quinta-feira (1º) o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre do ano. Com a ajuda de uma safra excepcional, a expectativa é de uma alta de 1% ante o quarto trimestre de 2016.
A inflação sob controle é outro dos fatores que permite que o BC mantenha o ritmo de corte da Selic. O IPCA, índice oficial de preços, encerrou abril em 0,14%. Nos 12 meses encerrados em abril, o índice ficou em 4,08%, abaixo do centro da meta de 4,5% pela primeira vez nos últimos sete anos.
A crise econômica, o desemprego e o alto endividamento dos brasileiros contribuem para a redução do consumo de produtos e serviços pela população, o que tira a pressão dos preços.
Segundo o boletim Focus, que reúne estimativas de economistas e consultorias do mercado, o IPCA deve fechar o ano com avanço de 3,95% -o centro da meta do governo é de 4,5%, com uma banda de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para 2018, a inflação projetada é de 4,40%.
Já a previsão é que a Selic encerre o ano a 8,5% e mantenha esse nível em 2018. (Folhapress)
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