As 260 cooperativas goianas registradas no Sistema OCB/GO alcançaram uma receita bruta de R$ 30,9 bilhões no final de 2022, o que representa um crescimento de 47% em 12 meses, praticamente o dobro do que foi constatado em nível nacional no ano passado. No período, as 4,7 mil cooperativas brasileiras avançaram 25% nas receitas, que somaram R$ 656 bilhões.
Inicialmente, o cooperativismo em Goiás havia projetado uma receita de R$ 24,2 bilhões em 2022. O valor, porém, foi ultrapassado em R$ 6,6 bilhões, superando a meta inicial em 28%, conforme dados do Anuário do Cooperativismo 2023, divulgados nesta semana pela OCB Nacional.
Além disso, o setor também cresceu em número de cooperados, que ultrapassaram 464,2 mil em Goiás. Um aumento de 21% se comparado ao total em 2021. A média supera 220 novos cooperados por dia no Estado.
Em entrevista ao editor do Diário de Goiás, Altair Tavares, o presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, comemora os dados e atribui o crescimento principalmente à força do agronegócio goiano.
“O agronegócio crescendo, as cooperativas que trabalham no agronegócio crescem e a gente sabe que hoje 50% do agronegócio passa por uma cooperativa. Aí os outros ramos do cooperativismo seguem essa tendência. As cooperativas de crédito que trabalham muito com agronegócio crescem, as cooperativas de transporte também crescem, então isso é um ciclo virtuoso que acontece quando a economia vai bem”, pontua.
Pereira destaca que o cooperativismo em Goiás ainda tem muito a crescer. Ele relembra dificuldades vividas durante a pandemia de Covid-19, mas diz que a gestão já foi readequada e retomou o crescimento.
“O cooperativismo do agro cresceu muito forte, o cooperativismo de crédito também cresceu acompanhado pelo agro e também pela sua profissionalização na gestão e ocupação de novos nichos de mercado. O cooperativismo tem muito a crescer ainda porque ele participa de um pequeno nicho ainda do mercado financeiro. E o setor de transportes também vem nessa toada. Nós tivemos com a pandemia uma dificuldade das cooperativas de saúde, mas agora já conseguiram readequar a sua gestão com base em nova realidade e ela também vem acompanhando o crescimento”, afirma.
Luiz Alberto enfatiza que o cooperativismo é um modelo econômico e social, que gera e distribui renda. Em 12 meses, as sobras, que equivalem ao lucro das empresas, cresceram de R$ 2 bilhões para R$ 2,764 bilhões entre os dois anos, o que corresponde a uma alta de 36%.
Ele gera renda e distribui renda. Isso aí é o efeito social do cooperativismo. Quando a gente fala que o cooperativismo é um modelo econômico e social ao mesmo tempo, é exatamente em função dessa observação. Todo esse recurso que as cooperativas geram, depois de pagas as despesas e os planos de investimento, volta para os cooperados. Hoje nós estamos falando de 464 mil cooperados.
De acordo com o presidente da OCB/GO, esse recurso, além de não sair do Estado, é diluído e reaplicado em outras atividades econômicas que podem nem ter relação com o cooperativismo. “Esse valor de sobra vai ser aplicado na padaria, no material de construção, na escola, na concessionária, gerando imposto e retroalimentando a economia”, aponta.
Questionado se a crise de preços no agronegócio pode refletir no balanço do cooperativismo em 2023, devido a fatores como a queda nos preços da carne, da soja e outras commodities, Luiz Alberto acredita que haverá reflexos, mas que há instrumentos para minimizar estes efeitos.
“Com certeza vai refletir, mas, por outro lado, a produção tem aumentado, vai equilibrar um pouco essa balança e nós vamos ter que ganhar em mais eficiência e mais união. Aí os cooperados precisam se unir na cooperativa, entregar seus produtos na cooperativa para que ela fidelize e, assim, ela vai poder neutralizar esses efeitos. Tem um efeito importante mas nós temos, dentro do cooperativismo, instrumentos para poder pelo menos minimizá-los”, assegura.
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