O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta sexta-feira (6), durante o anúncio de sua saída do comando da pasta, que sua popularidade é baixa porque ainda não tem um nome conhecido pela população.
“Não é uma questão quantitativa, pura e simplesmente. Pesquisas quantitativas são relacionadas somente ao nível de conhecimento do candidato, é normal, meu nível ainda é baixo por ser ministro da Fazenda”, justificou. “Agora, entre pessoas que declaram que conhecem bem o meu trabalho, o nível de aprovação é bastante elevado.”
Ele ainda negou a possibilidade de ser candidato a vice-presidente ou outro cargo eletivo.
“Não pretendo ser candidato a vice-presidente e não vejo possibilidade de ser candidato a governador e vice governador”, disse.
O ministro se reuniu duas vezes com Temer nesta sexta, uma pela manhã, no Palácio do Planalto, e outra no Jaburu, no início da tarde.
Ele anunciou publicamente sua decisão há pouco, em coletiva no Ministério da Fazenda. Em seguida, deve viajar com o presidente para Salvador.
“Encerro um ciclo muito importante da minha vida”, afirmou o ministro, que leu um discurso pronto para anunciar sua saída. “Sempre me coloquei a serviço do Brasil independente de partido ou governo. Tenho bastante orgulho de ter ajudado o país a sair de crises importantes e sérias em dois momentos diferentes”, afirmou, se referindo também ao período em que foi presidente do Banco Central.
Meirelles confirmou que o secretário executivo Eduardo Guardia será o novo ministro da Fazenda.
“Meu amigo Eduardo Guardia irá garantir que a política econômica continue”, afirmou, acrescentando que o secretário deverá tomar posse na próxima terça-feira (10).
Apesar disso, Guardia não participou da entrevista coletiva.
O discurso de Meirelles já foi de candidato. “A crise econômica prejudica o dia a dia, tira comida do prato dos mais pobres, cria desemprego. Milhões de pessoas deixam de ter oportunidade de sustentar a si próprio e a sua família”.
Apesar disso, ele voltou a ser vago sobre sua candidatura.
“Eu vou contemplar, analisar a possibilidade de ser candidato. Eu já conclui meu trabalho no ministério, vamos analisar essa possibilidade com o partido e com antes da sociedade. A primeira decisão é concluir minha etapa no ministério da Fazenda, a partir daí, sairei e resolverei, vamos analisar no devido tempo e devida calma.”
Meirelles se filiou ao MDB na última terça (3) sem garantias de que será o candidato do partido à Presidência da República, mas resolveu correr os riscos de uma pré-candidatura incerta, visto que o próprio Temer deseja disputar a reeleição.
No evento de filiação ao MDB, ele havia falado sobre seu projeto de candidatura e dito que sairia da Fazenda nesta sexta, mas, horas depois, mudou o tom ao ficar irritado com o protagonismo dado ao presidente durante a cerimônia.
Em seu Twitter, Meirelles escreveu que decidiria sobre sua permanência ou não no governo nesta sexta.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, incomodou o ministro o fato de ele não ter sido consultado sobre as fotos do evento, nem sobre o jingle que dizia “M de Michel, M de Meirelles, M de MDB”.
Ele considerou que o partido e o presidente não cumpriram o acordo para sua filiação à legenda. Embora a preferência da candidatura seja de Temer, o combinado era de que ambos largariam, pelo menos neste primeiro momento, em condições de igualdade.
O ministro concordou em se filiar mesmo sem ter certeza de que será o escolhido para disputar o Palácio do Planalto, mas quer ter a chance de tentar decolar nas pesquisas. Atualmente ele tem 2% de intenções de voto, segundo o Datafolha.
Na quinta-feira (4), após a Folha de S.Paulo revelar que Meirelles colocou em dúvida sua decisão de deixar a Fazenda, o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) ligou para o chefe da equipe econômica.
Ele queria ouvir do ministro da Fazenda suas chateações com a cerimônia de filiação, mas Meirelles tentou contemporizar e não deu sinais de que mudaria sua decisão de sair da pasta.
Aliados avaliavam que era delicado Meirelles voltar atrás depois de ter se filiado ao MDB e dado tanta publicidade a seus planos eleitorais, mas quem o conhece diz que a mudança de opinião em decisões políticas é uma constante na vida do ministro.
Em 2010, por exemplo, ele foi convencido pelo ex-presidente Lula a se filiar ao MDB para ser o vice na chapa de Dilma Rousseff. Após uma série de conversas e sinalizações positivas, desistiu do posto na última hora.
Quando entrou no gabinete de Temer nesta sexta, seus assessores mais próximos não sabiam com segurança o que ele iria fazer. (Folhapress)
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