Em atos pelo Brasil, os apoiadores do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) ironizaram neste domingo (21) as suspeitas de financiamento por empresas de disparo de mensagens contra a candidatura de Fernando Haddad (PT).
Os manifestantes vestiram caixas de papelão nos protestos com a inscrição “Caixa 2” e gritaram, em coro, “eu vim de graça”. Também usavam cartazes dizendo que são “os robôs de Bolsonaro”.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) abriu investigação sobre o caso após ele ter sido revelado pela Folha de S.Paulo. Haddad acusou Bolsonaro de estar envolvido com a distribuição das mensagens e disse que ele tenta fraudar o processo eleitoral.
De camisa verde e amarela e com bandeiras do Brasil, os manifestantes também pediram que o segundo turno fosse realizado com cédulas de papel, uma das bandeiras do capitão reformado.
Cartazes também faziam referência a fala do senador eleito Cid Gomes (PDT-CE), coordenador da campanha do irmão Ciro Gomes (PDT) e apoiador de Haddad, à militância petista: “Lula tá preso, babaca.” O vídeo da fala foi usado na campanha de Bolsonaro na televisão.
No ato em São Paulo, na avenida Paulista, o próprio Bolsonaro apareceu em videoconferências em telões de movimentos que o apoiam.
Em crítica ao PT, prometeu “varrer do mapa esses bandidos vermelhos do país”. “Essa turma, se quiser ficar aqui, vai ter que se colocar sob a lei de todos nós. Ou [então] vão para fora ou vão para a cadeia.”
Disse que tipificaria as ações do MST como terrorismo e afirmou que, caso eleito, daria retaguarda jurídica à polícia para “fazer valer a lei”.
Também criticou a Folha de S.Paulo. “A Folha de S.Paulo é a maior fake news do Brasil. Vocês não terão mais verba publicitária do governo”, afirmou, sob gritos da plateia. “Imprensa vendida, meus pêsames.”
Antes dele, a deputada estadual eleita Janaina Paschoal (PSL-SP) afirmou que os petistas irão perder a eleição não por causa de fake news (notícias falsas), mas devido às “true news” (notícias verdadeiras) e relacionou o partido a desvios de recursos públicos.
“Fake news é dizer que o Brasil não esta abraçando essa candidatura com amor”, afirmou. “Não é WhatsApp, não, não é o Facebook, não. É a safadeza deles que está destruindo eles próprios”, afirmou.
Janaina também respondeu às críticas sobre a ausência de Bolsonaro em debates televisivo. O capitão reformado diz que não participará dos encontros com Haddad.
“Se Haddad quiser debater, venha ele, venha a Gleisi [Hoffmann, presidente do PT], venha Lula, venha toda a turma dele, que eu encaro eles sozinha”, convocou.
“Eu amo cada um de vocês, eu amo todos vocês, eu amo este país”, acrescentou.
Também participaram do ato o ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB), que concorre ao governo do estado, e o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP).
No carro de som do MBL (Movimento Brasil Livre), além de críticas ao PT e à esquerda, houve críticas ao adversário de Doria no segundo turno, o governador Márcio França (PSB).
“Muito cuidado com as eleições estaduais porque aqui eles não estão com a estrela vermelha na testa”, discursou o vereador de São Paulo Fernando Holiday (DEM), apresentando o governador como “membro do Foro de São Paulo”.
Na avenida, além dos carros de som, foi inflado um pixuleko, boneco vestido com roupa de presidiário que faz alusão ao ex-presidente Lula.
O protesto em Belo Horizonte também teve a participação de um candidato ao governo. Romeu Zema (Novo), líder das pesquisas em Minas Gerais, foi à praça da Liberdade, onde houve o ato.
Zema declarou voto em Bolsonaro ainda no primeiro turno, o que fez suas intenções de voto crescer e o levou ao segundo turno.
No Rio, os manifestantes se reuniram em Copacabana, na zona sul, também vestidos com caixas de papelão.
Questionados sobre as suspeitas, o casal Durval Alves, 56, e Maria de Fátima Penna, 54, disseram considerá-las chacota. Segundo eles, as redes sociais tiveram papel fundamental na campanha e, principalmente, para “barrar corruptos” na urna.
Alves avalia que as redes retiraram da imprensa o monopólio das notícias e que a reportagem da Folha de S.Paulo teve “efeito bumerangue”, por que as críticas não atingiram o presidenciável e se voltaram justamente para a mídia.
“O nosso caixa 2 está aqui” disse Alves que posou para foto com sua mulher e o cachorro do casal dentro de uma caixa de papelão. “A rede social é democrática. Elas colocam a minha verdade, a verdade da minha esposa, e cada um decide no que acreditar”, disse.
O casal afirma que o apoio a Bolsonaro pode ser retirado se caso o capitão da reserva não faça um bom governo ou não cumpra suas promessas.
O ativista Anderson Bourner, 39, do movimento Nas Ruas, também circulava pelo protesto com uma caixa de papelão. “O caixa 2 representa a união do povo brasileiro em torno do Bolsonaro”, disse.
“A esquerda diz que não tinha provas para prender Lula, mas tinha tríplex, pedalinho, tudo isso. Com Bolsonaro, não. Achei antiético darem matéria sem provas. Nossa campanha nas redes é voluntária”, afirmou.
Em Brasília, o protesto tcomeçou pela manhã em frente ao Museu Nacional e se estendeu até o Congresso.
“Nós estamos aqui votando pela mudança. Não somos militantes de estimação. Se o governo for ruim, voltamos pra rua e tiramos ele”, disse a a representante comercial Sara Santana, 36.
Não houve estimativas de público nos protestos por parte das organizações ou polícia. Nas redes sociais, o MBL também ironizou: “Parabéns aos milhões de robôs e perfis falsos que foram às ruas hoje lutar pelo Brasil.” (Com informações da Folhapress)