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Atlas da Violência aponta “epidemia” de violência sexual contra meninas no Brasil

Divulgado nesta terça-feira (18) o Atlas da Violência no Brasil alerta para um quadro de epidemia de violência contra meninas e mulheres. No caso das meninas, é uma “epidemia de violência sexual”. Em 2022, entre as vítimas de zero a nove anos, a violência mais frequente foi a negligência, com 37,9% dos casos, seguida de violência sexual, com 30,4%, aponta o relatório. Homens foram os autores em 86% dos casos.

Elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em colaboração com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Atlas é publicado desde 2016. Ele é um balizador para estados e municípios acompanharem a evolução dos seus cenários de violência.

Leia também: 24 mil homicídios não foram registrados entre 2019 a 2022, aponta IPEA

Ilustração: IPEA

“Os dados do Atlas da Violência nos mostram que as mulheres brasileiras estão expostas à violência do nascimento ao final de suas vidas”. Quem afirma é Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e uma das autoras do Atlas.

48 mil mulheres assassinadas em dez anos

Entre 2012 e 2022, ao menos 48.289 mulheres foram assassinadas no Brasil. Só em 2022 foram 3.806 mulheres vítimas de assassinato. Nesse mesmo ano, 221.240 meninas e mulheres sofreram algum tipo de agressão, a maioria no âmbito familiar, com 144.285 submetidas a violência doméstica.

Ilustração: IPEA

Abordando as “trajetórias de violência”, o relatório aponta que, na faixa etária de 10 a 14 anos, quando a vulnerabilidade das vítimas ainda é grande, a violência sexual torna-se prevalente. A violência sexual foi apontada em 49,6% dos registros no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

Violência a vida inteira

Dos 15 aos 69 anos, ou seja, durante a vida adulta da mulher, a violência física passa a ser a mais comum. Por exemplo, na faixa etária de 15 a 19 anos, a agressão física esteve presente em 35,1% dos casos de violência. E chegou a 49% entre mulheres de 20 a 24 anos, se mantendo acima dos 40% até os 59 anos. Quando mais idosa, a partir dos 70 anos, a mulher volta a sofrer crescentemente com negligência.

“Estamos falando de um ciclo ininterrupto de violência, que começa na infância, com negligência de familiares, se transforma em violência sexual na faixa dos 10 aos 14 anos, violência física na vida adulta, sobretudo de parceiros. Por fim, essa mulher volta a sofrer com a negligência de seus familiares na terceira idade, principalmente dos filhos e parentes próximos”, lista Samira..

Juventude assassinada

O Atlas da Violência também destaca os homicídios de jovens entre 15 e 29 anos, representando 49,2% do total de homicídios no país em 2022. De cada cem jovens entre 15 e 29 anos que morreram no Brasil por qualquer causa, 34 foram vítimas de homicídio.

O total chegou a 22.864 jovens mortos, uma média de 62 por dia no país em 2022. Considerando toda a série histórica (2012-2022), o número de jovens vítimas da violência no Brasil chegou a 321.466. Uma perda de 15,2 milhões de anos potenciais de vida. Esse cálculo parte de pressupostos de quantos anos poderia alguém viver a partir da idade que tinha quando foi assassinado.

Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.

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