A explosão de uma bomba escondida em um caminhão da rede de esgoto deixou ao menos 90 mortos e 400 feridos nesta quarta-feira (31) em Cabul, capital do Afeganistão.
O ataque ocorreu na região conhecida como Wazir Akbar Khan, que concentra embaixadas internacionais e fica próxima ao palácio presidencial, em meio ao início do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos.
Segundo um porta-voz do Ministério do Saúde, o número de vítimas divulgado é provisório e ainda pode subir -há muitas mulheres e crianças, que foram levadas a hospitais da cidade.
A carga explosiva foi acionada em um caminhão-pipa às 8h30 locais (1h30 em Brasília), segundo o Ministério do Interior afegão, próximo à Embaixada da Alemanha. O ministro alemão das Relações Exteriores, Sigmar Gabriel, afirmou que um guarda da embaixada foi morto e alguns trabalhadores do local ficaram feridos.
Também foram atingidos os prédios das representações da França, Turquia, Paquistão, Japão, Emirados Árabes Unidos, Índia e Bulgária.
Um motorista afegão da rede britânica BBC morreu no ataque e quatro jornalistas ficaram feridos. O motorista trabalhava há mais de quatro anos para o serviço afegão da BBC, era casado e tinha filhos, segundo nota divulgada pela rede. O comunicado não informa a nacionalidade dos jornalistas feridos.
Nenhum grupo terrorista assumiu o atentado até este momento. O Estado Islâmico e o Taleban foram autores dos últimos ataques no país.
O Taleban, que anunciou no fim de abril o início da “ofensiva de primavera”, afirmou em uma rede social que não tem envolvimento com o atentado de Cabul, que condenam “com veemência”. No passado, o grupo não reivindicou ataques com alto número de civis mortos.
Cerca de 50 carros foram destruídos ou danificados pela explosão. Vidros de lojas, restaurantes e outros prédios foram quebrados em um raio de um quilômetro do centro da explosão.
Crime de guerra
Para o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, o ataque desta quarta-feira (31) foi um “crime de guerra”. “Esses terroristas continuam matando inocentes inclusive durante o mês sagrado do Ramadã”, afirmou.
Ao falar sobre os danos à embaixada alemã, o ministro Sigmar Gabriel declarou que “tais ataques não modificam nossa determinação de apoiar o governo afegão em seus esforços para estabilizar o país”.
A missão da Otan -aliança militar ocidental- no país elogiou a “vigilância e a coragem das forças de segurança afegãs que impediram o veículo” de avançar ainda mais na zona diplomática.
“Estamos a favor da paz, mas os que nos matam durante o mês sagrado do Ramadã não merecem ser convocados para selar a paz, devem ser destruídos”, disse Abdullah Abdullah, chefe do Executivo afegão.
A Anistia Internacional também condenou um “horrível ato de violência deliberado, que demonstra que o conflito no Afeganistão não diminui, e sim aumenta perigosamente, de uma maneira que deveria alarmar a comunidade internacional”.
O ataque aconteceu em um contexto de incerteza para o Afeganistão. Em abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou o lançamento de sua mais potente bomba não nuclear, a “mãe de todas as bombas”, contra um esconderijo do Estado Islâmico em uma província a oeste de Cabul.
O secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, afirmou há alguns dias que 2017 será um ano difícil para o Exército afegão e para os soldados estrangeiros enviados ao Afeganistão.
Com tropas no país desde 2001, o governo americano mantém no Afeganistão 8.400 soldados, somados a 5.000 militares de países aliados, com a missão de treinar e assessorar as Forças Armadas afegãs. (Folhapress)
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