Tadeu Filippelli (PMDB), assessor especial da Presidência da República preso nesta terça-feira (23), na Operação Panatenaico da Polícia Federal, fez “diversos pedidos de propina à construtora Andrade Gutierrez.”
A acusação é do Ministério Público e consta na decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília. Procurada na manhã desta terça (23), a assessoria de Filippelli não atendeu às chamadas da reportagem.
Filippelli, que é presidente do PMDB no DF, também recebeu propina para o seu partido, entre 2013 e 2014, segundo as investigações.
Os repasses ilícitos foram feitos pela Construtora Via Engenharia, que juntamente com a Andrade Gutierrez, executaram a obra hiperfaturada do estádio Mané Garrincha.
Segundo o juiz da 10ª Vara Federal, os procuradores da República apontaram que Filippelli se “utilizou para o recebimento do dinheiro de Afrânio Roberto de Souza Filho, seu operador e interlocutor com as construtoras”.
Afrânio foi subsecretário da Fazenda do governo Joaquim Roriz.
De acordo com a PF, o objetivo da ação é investigar uma suposta organização criminosa que fraudou e desviou recursos das obras de reforma do estádio Mané Garrincha para Copa do Mundo de 2014.
“Orçada em cerca de R$ 600 milhões, as obras no estádio, que é presença marcante na paisagem da cidade, custaram ao fim, em 2014, R$ 1,575 Bilhão. O superfaturamento, portanto, pode ter chegado a quase R$ 900 milhões”, diz a Polícia Federal.
As informações estão no acordo de delação premiada que a Andrade Gutierrez fez com investigadores da Lava Jato. A reportagem apurou que os dados da delação relativos à obra do estádio foram enviados à Justiça Federal por ordem do ministro Teori Zavascki, morto em acidente aéreo em janeiro e na época relator dos casos da Operação Lava Jato no STF.
RELAÇÃO COM TEMER
Filippelli integrava um grupo de cinco assessores especiais escolhidos por Michel Temer, no início de seu governo, para despachar em uma sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros do gabinete presidencial. Além dele, eram conselheiros próximos do presidente Rodrigo Rocha Loures, José Yunes, Sandro Mabel e Gastão Vieira.
Desses cinco assessores, quatro foram citados em investigações de corrupção. Rocha Loures foi flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviada pela JBS, depois que havia deixado o Planalto para assumir o mandato de deputado. Yunes pediu demissão em dezembro, quando um ex-executivo da Odebrecht disse que ele recebeu em seu escritório dinheiro pedido pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Mabel foi acusado por outro delator de ter pedido dinheiro para aprovar uma emenda a uma medida provisória em 2004.
Destes, restam no gabinete apenas Mabel, que auxilia Temer na interlocução com parlamentares e empresários, e Gastão Vieira, que é conselheiro jurídico do presidente.
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