Tucanos consultados pelo Diário de Goiás avaliam que a desistência do ex-governador de São Paulo João Dória (PSDB) não deve interferir na composição do partido a nível estadual. Independentemente de o cabeça de chapa ser “45”, como defende o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), ou de a cabeça de chapa ser a senadora Simone Tebet (MDB), que é apontada nos bastidores de Brasília como a cabeça de chapa da terceira-via, de uma chapa que deve ser composta por MDB e pela federação entre o PSDB e o Cidadania.
O último evento público de Dória como postulante à presidência foi justamente em Goiás, ao lado do ex-governador goiano, que é presidente do Diretório Regional PSDB. Na ocasião os tucanos se apoiaram mutuamente e Marconi, ao defender a pré-candidatura de Dória, disse que “votaria 45” para presidente da República e “não votava em quem não fosse 45”.
A opinião do líder tucano é corroborada pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Jardel Sebba (PSDB), e pelo jornalista e pré-candidato a deputado federal Matheus Ribeiro (PSDB), sonham com um peessedebista como pré-candidato à presidência da República.
“Eu também espero digitar 45 para presidente da república e torço para que o nome que encabece a terceira-via seja do meu partido, do PSDB”, diz Matheus Ribeiro. Ele, porém, não descarta o nome de Simone Tebet que, segundo o peessedebista, demonstrou uma atuação muito firme durante a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid.
“[Simone Tebet] teve uma atuação necessária para o momento em que nós vivíamos na pandemia e é uma parlamentar que conta com reconhecidos valores, reconhecidas qualidades e também estaria apta para assumir a missão [de encabeçar uma chapa com o apoio do PSDB]”, defende Matheus Ribeiro.
Os tucanos divergem sobre a desistência de Dória. Enquanto Matheus Ribeiro e a líder do PSDB na Alego, a deputada Lêda Borges (PSDB) dizem que a desistência de Dória foi uma perda para a terceira-via que teve um nome que venceu as prévias do partido desistindo de concorrer às eleições por uma série de conjunturas internas, Jardel Sebba comemora a desistência de Dória.
“Particularmente eu não achei muito ruim não [a desistência]. O Dória estava com uma rejeição muito grande e eu acho que nos quatro anos de Governo, ele manteve dois secretários goianos que são adversários nossos e eu cobrei isso dele e ele afirmou que a decisão foi técnica”, critica o tucano que acredita em um tucano como cabeça de chapa.
Lêda diz que a decisão de Dória foi “extremamente grande” e que Dória sai maior do que entrou no processo eleitoral, tanto no Brasil, quanto no partido. “Ele sai muito maior do que saiu, cônscio de seu papel. O Brasil perde um grande gestor e grande político na disputa para essa eleição”, comentou a tucana.
MDB e PSDB juntos?
A saída de Dória, mesmo após a vitória nas prévias tucanas, pode colocar o MDB na mesma chapa que o PSDB. Tira os tucanos do protagonismo de uma chapa presidencial, como defendeu Marconi em Trindade, caso o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) não seja escolhido como presidenciável ou outro nome surja até às eleições.
Não sendo confirmada a candidatura de Leite, a tendência é de que a senadora Simone Tebet encabece uma chapa que deve ser composta por MDB, PSDB e Cidadania. Apesar de ser o mesmo partido de Daniel Vilela (MDB), pré-candidato a vice-governador na chapa de Ronaldo Caiado (União Brasil), os tucanos entendem que as decisões nacionais não devem interferir nas eleições locais.
“Qualquer cenário de composição política nacional precisa reconhecer as particularidades de cada estado, as particularidades dos cenários locais e acredito que aqui em Goiás, a composição [MDB, PSDB e Cidadania] não deve interferir nas composições de deputados estaduais, deputados federais, bem como na formação das chapas majoritárias. O PSDB de Goiás tem uma história própria e essa história será respeitada, bem como a história do MDB”, explica Matheus Ribeiro.
Jardel ainda vai mais além. Ele crava que Marconi é “candidatíssimo a governador” e que, independentemente de quem for candidato à presidência, não haverá problema nas eleições estaduais. “Para os tucanos não muda em nada, com ou sem Dória, se mudar é para melhor”, avalia o tucano.
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