Um caso que faria do Ministério Público Federal um herói nacional, se for a fundo nessa mata repleta de armadilhas com o dinheiro popular.

As trilhas sinuosas desembocariam neste cenário: as grandes empresas amigas e financiadoras do governo engendraram triangulação para ganhar dinheiro do BNDES sem precisar se endividar com o bancão. Em suma, o financiamento vira doação.

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Essas empresas pegam o empréstimo com o BNDES à vista – com valor bem superior ao que vão usar numa aquisição – e aplicam o restante em LTN (Letras do Tesouro Nacional). Como é um título de renda fixa e retorno garantido mensal, as empresas usam o lucro para pagar as parcelas do empréstimo ao… BNDES.

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Um caso recente: um conglomerado tupiniquim conseguiu US$ 300 milhões do bancão para comprar uma empresa na Argentina, que lhe custou US$ 100 milhões. Com os US$ 200 milhões restantes, a firma brasileira aplicou em LTN, cuja alta rentabilidade tem garantido não apenas honrar as parcelas do empréstimo, como também enche de bônus os bolsos de seus executivos.

A Coluna procurou a assessoria do BNDES com as seguintes questões:

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O BNDES, ao conceder um financiamento vultoso, para empresa nacional adquirir outra, deve acompanhar a transação, mesmo quando não sócio? O BNDES tem ciência de casos de aplicação de verba direta de financiamento adquirido por uma empresa em LTN?

A assessoria se resumiu a responder que não ficou clara a demanda. Talvez o MP, numa visita aos papéis do bancão, possa explicar melhor.

Mr. Palocci

Os próprios petistas da cúpula do partido estão intrigados. Há alguns meses Antonio Palocci mora em Londres, e suas atividades são um mistério, vem esporadicamente ao Brasil. A única certeza é de que, de lá, tem falado muito ao telefone com o ex-presidente Lula.

Palocci foi ministro da Fazenda de Lula, até cair por mandar violar o sigilo bancário de um caseiro de Brasília; e ministro da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff, até cair, novamente, da última vez por uma compra de apartamento em São Paulo não condizente com seus ganhos (R$ 6 milhões, vale lembrar, custam apenas o sinal para o tipo de imóvel que escolheu).

O recente histórico de biografia de Palocci o inseriu no grupo da estirpe de José Roberto Arruda, o ex-governador de Brasília. É a turma do poder que não se regenera. Tal como Palocci, Arruda teve duas chances de cravar seu nome no Poder nacional, sem manchar a imagem. Em vão. Quando senador, afirmou da tribuna que não havia lido a lista do painel violado na votação que cassou Luiz Estêvão. Pego na mentira, renunciou. Numa reviravolta política e eleitoral, foi alçado a governador de Brasília em 2007. Vida nova, nova chance.. que nada. Foi filmado com dinheiro de caixa 2 e depois tentou coagir testemunha de operação policial. Sucumbiu novamente.

Ponto Final

A inflação no Brasil permanece na meta (..) Buscamos a convergência
para a meta inflacionária’

Presidente Dilma Rousseff, em Davos, no Fórum Econômico Mundial.


Cachacinha na receita

Dona Maria Torinha é querida por todos os moradores da pequena Medina (MG), cravada no Vale do Jequitinhonha, em Minas. Conhecida também por se deleitar com doses de cachaças nos bares, mas moderadamente. Certa vez ela marcou consulta com o médico dr. Walter Tanure Filho, então prefeito, que alternava sua agenda entre o gabinete municipal e o consultório. Em certo momento da consulta, após verificar que ela reclamava de dores de cabeça, o médico indagou sobre seus hábitos:
– Dona Torinha, a senhora bebe uma cachacinha..?
Ela sorriu encabulada e mandou na lata:
– Óia, eu num ia pedir não, mas já que o senhor está oferecendo, eu quero sim..

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Com Maurício Nogueira, Luana Lopes e Equipe DF e SP

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