Afetada pela queda nos juros e pelo movimento dos caminhoneiros, a arrecadação federal perdeu o ritmo em junho em relação aos meses anteriores e teve alta de 2% em junho, encerrando o primeiro semestre com um crescimento de 6,8%.
O mês passado teve a menor expansão na comparação com mesmo período do ano anterior desde outubro de 2017.
Apesar disso, os R$ 110,8 bilhões arrecadados em junho e R$ 714,2 bilhões no semestre ainda são os melhores resultados desde 2015, uma vez que os dois anos anteriores foram marcados pela forte crise econômica.
O principal impacto sobre esse resultado veio de uma forte queda nas receitas com o Imposto de Renda retido na fonte que incide sobre rendimentos de capital, por causa da queda na taxa básica de juros.
Essa arrecadação veio R$ 3 bilhões abaixo da verificada em junho de 2017.
O efeito da queda nos juros se notou no mês passado porque as antecipações dos rendimentos de aplicações financeiras, em especial dos fundos de renda fixa se concentram em junho e dezembro.
Conforme antecipou a Folha, com base em levantamento de Vilma da Conceição Pinto, pesquisadora do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), se forem excluídos dos dados os programas especiais de parcelamento (Refis) e royalties do petróleo há queda na arrecadação.
A retração foi de 0,5%, segundo os dados consolidados da Receita. A conta também exclui a alta do PIS/ Cofins de combustíveis ocorrida em agosto do ano passado
“A paralisação dos serviços afetou duramente a atividade industrial”, afirmou o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita, Claudemir Malaquias.
O IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) teve retração de 14,28%.
De acordo com ele, o impacto do movimento, ocorrido no fim de maio, foi sentido em junho porque o fato gerador do IPI (o momento em que o imposto passa a ser devido) ocorre na saída do produto do estabelecimento comercial ou revendedor.
Apesar do efeito ter sido visto mais diretamente sobre o IPI, a avaliação da Receita é que o impacto foi disperso entre vários tributos.
No caso do PIS/Cofins, por exemplo, o ritmo de alta se reduziu. O órgão ainda não sabe, segundo Malaquias, quais serão os impactos da paralisação nos próximos meses.
“Esses efeitos não podem ser verificados em um único mês. Isso afeta o faturamento das empresas.”
Malaquias destacou que ações de cobrança e fiscalização da Receita tiveram como consequência um crescimento de R$ 53 bilhões no primeiro semestre.
De acordo com ele, a Receita monitora em especial os contribuintes que aderiram ao novo programa de parcelamento de dívidas tributárias, e boa parte desse resultado vem desse escrutínio.
Quando se considera somente a arrecadação administrada pela Receita, a alta foi de 1,2% no mês e de 6% no ano. (Folhapress)