Candidato a vice-governador na chapa de Iris Rezende (PMDB), Armando Vergílio (SDD) cita a administração do peemedebista em Goiânia como exemplo e cutuca base aliada do governador Marconi Perillo (PSDB)
(Matéria publicada no Jornal Tribuna do Planalto. Entrevista concedida a equipe da editoria de politica do Jornal)
O deputado federal Armando Vergílio (SDD) já está com o discurso afiado para a disputa eleitoral. Após romper com a base aliada do governador Marconi Perillo (PSDB) e deixar o PSD, Vergílio comemora o momento do Solidariedade. Ele faz planos ousados para o seu partido. Quer eleger o seu filho, Lucas Vergílio, para a Câmara Federal a ainda obter quatro ou cinco vagas na Assembleia Legislativa. Candidato a vice-governador na chapa do candidato Iris Rezende (PMDB), o deputado critica vários pontos do atual governo estadual como, por exemplo, a situação crítica da Celg. Para Vergílio, o atual governo se distanciou muito da população. Mesmo assim, ele acredita que Iris não terá dificuldades em colocar a “casa em ordem”, em uma hipotética vitória peemedebista, pois, segundo ele, Iris tem “experiência de sobra” para isso. Armando Vergílio recebeu a equipe da Tribuna na segunda, 14, em seu escritório, onde concedeu entrevista.
Tribuna do Planalto – Por que compor chapa com Iris Rezende?
Armando Vergílio – Em primeiro lugar eu entendo que é necessário alternância de poder. Ao assumirmos o Solidariedade em Goiás tínhamos um projeto de uma candidatura própria, até por que um partido político só justifica a sua existência se ele tiver projeto de poder próprio. Mas o partido foi criado há pouco tempo, eu não tive tempo para fazer articulação, e assim sendo nós optamos por integrar uma aliança e do quadro que foi colocado nós conversamos com praticamente todos os postulantes ao governo. A melhor conversa se deu com o PMDB, com Iris Rezende. Em um primeiro momento com o conjunto do partido e depois com o Iris. Nós colocamos várias propostas que foram plenamente recebidas. Houve também o projeto do Iris, que veio ao encontro daquilo que nós propúnhamos. Então é uma decisão que o SDD tomou de forma muito madura e consciente de integrar essa aliança com o PMDB e Democratas/ Depois veio a construção de uma aliança com vários outros partidos integrando a nossa coligação “Amor por Goiás”. Ou seja, respondendo objetivamente, foi o projeto que nós identificamos, foi o nosso desejo de mudança, de renovação e de transformação do Estado de Goiás.
Dentro da base muita gente estranhou o fato de o senhor e o deputado Ronaldo Caiado (DEM) se juntar a Iris Rezende, já que vocês eram aliados de Marconi Perillo. Como vê isso?
Eu acho que isso é emblemático. Ao discordar de fatos dentro da base eu rompi com o governo e isso não se deu agora. Eu tinha indicado um companheiro meu que era secretário ele pediu exoneração, todos aqueles que nós havíamos indicado colocaram seus cargos a disposição e saíram do governo. Isso não foi feito agora. Eu me desvinculei dessa base por descordar de uma serie de coisas que já foram evidenciadas por vocês da imprensa. Isso se deu desde março, abril do ano passado. O Ronaldo Caiado já estava distante da base há muito tempo. Se nós voltarmos à campanha de 2010 ele a fez sozinho e desde então numa postura de discordância ao governo. Ele buscou aquele caminho que foi melhor para ele.
Como foi o processo de ruptura do sr. com a base aliada? Qual foi o ponto que o sr. pensou que realmente não teria mais condições?
Primeiro que senti claramente o que nós chamamos de fadiga de material. Um grupo político que já está aí à frente do poder há 16 anos. Como o Iris estava há 16 anos em 1998, sendo ele o governador ou não. Então está na hora de você realmente ter uma renovação, uma alternância. Muitas promessas não estavam sendo cumpridas. Mas o principal é que eu não estava vendo vontade de buscar o cumprimento de tantas promessas que foram feitas. Então está na hora de mudar e é por isso que eu me somo a esse projeto.
Quais os principais pontos para apresentar essa mudança?
Eu acredito que o atual governo se distanciou muito da população. Então nos temos que retomar um governo que seja democraticamente participativo, um governo que concretize ações, que vise realmente a qualidade de vida das pessoas. Seja na área da saúde, da educação, da segurança pública e da mobilidade urbana. Quando você anda ali na região do entorno do Distrito Federal, você vê o quanto aquelas pessoas sofrem ao passar seis horas todos os dias num ônibus velho caindo os pedaços. Você tem aí vários municípios que não tem esgoto, água tratada ou escola. Não se conseguiu alcançar várias metas que deveriam ter sido alcançadas. Então a principal ação efetiva é você ter um governo planejado, você ter projetos e programas. É isso que está sendo agora detalhado no plano de governo que nós vamos ter, mas algumas áreas são prioritárias. A questão da segurança pública e infraestrutura. Eu já disse e friso: tem que ter vontade para resolver o problema da Celg. Quantas e quantas empresas deixam de vir para Goiás – ou aquelas que aqui estão deixam de ampliar sua capacidade – porque não tem energia? Isso é fato. Não estou aqui fazendo qualquer tipo de injunção ou crítica vazia oposicionista. Isso é fato. Então algo tem que ser feito.
O sr. apontou várias dificuldades que esse governo encontrou e que ele está deixando para o próximo governo. O sr. prevê que quem vencer essas eleições vai ter muita dificuldade nos próximos quatro anos?
Depende da disposição de enfrentar esses problemas de frente e principalmente da experiência – o nosso candidato Iris Rezende (PMDB) tem de sobra. Já governou o Estado em duas oportunidades, mas não só isso, ele já foi prefeito da capital por três vezes, já foi ministro da Agricultura e depois ministro da Justiça tendo muito êxito à frente dessas administrações. Então ele tem conhecimento, sabe fazer. Nas ocasiões em que governou o Estado o pegou em situação muito delicada, principalmente em 1983, quando ele pegou o governo com mais de seis folhas de atraso. O Estado tinha muito tempo que não fazia investimentos. Então o Iris já passou por isso. Então vai ser essa somatória – da experiência, das mãos de quem sabe fazer, aliada à força da juventude, que é representado por nós mesmo, um partido novo. Então eu não tenho dúvida de que os desafios são muito grandes, mas é essa conjunção da experiência com a juventude, com a determinação, com o conhecimento, com a disposição e com a força de vontade política de resolver é que nós vamos fazer o diferencial da nossa administração.
Existe um temor por parte dos peemedebistas por conta das dificuldades de estrutura de campanha que eles passaram nas últimas eleições. É plausível existir esse temor hoje em dia ou não?
Não. Se nós queremos, estamos pregando e vamos fazer um governo planejado, muito bem desenvolvido, nós também vamos fazer uma campanha planejada, bem estruturada. Isso é fundamental.
Como seria o diferencial dessa campanha neste momento? Apostar em que agora?
Nós temos o deputado Sandro Mabel que é coordenador geral da nossa campanha, um deputado de vários mandatos, um empresário de sucesso, um dos melhores executivos que o Estado tem. Junto com o Sandro, nós teremos mais de 12 coordenadores cada um para um área estratégica: um coordenador estratégico, um coordenador de planejamento, um coordenador jurídico, um de marketing, de mobilização, um coordenador que vai estar integrando as diversas regiões e os municípios, em fim, e vai por aí à fora. Então esse é o diferencial que eu acredito. Além da percepção clara da população que quer mudar.
O sr. se elegeu deputado pelo PMN, depois passou pelo o PSD e chegou agora ao Solidariedade, um partido que já começou com a possibilidade de crescimento muito grande. O que o sr. viu que te atraiu naquele momento?
Principalmente estas propostas de oportunidade para todos. Eu me elegi pelo PMN atendi na época o então candidato ao governo, porque somente dessa forma aquele partido ficaria na sua base de apoio, mas eu fui eleito em um chapão e naquela oportunidade seu tivesse sido eleito pelo PSDB, ou por qualquer outro partido que integrava aquela coligação, eu precisaria do mesmo tanto de votos que eu precisei. Partindo dali, eu recebi um convite do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab e Guilherme Afif Domingos, vice-prefeito se São Paulo e que hoje é Ministro da Micro e Pequena Empresa, para a constituição do PSD e eu me animei por entender que um partido político tem que ter projeto próprio, tem que ter capilaridade, porém com representatividade através dos seus integrantes. Isso o PSD em Goiás não teve. Um partido que já ficou atrelado desde o início, a um desejo pessoal que era do presidente regional da legenda, de ser candidato a senador. Em uma conversa com esse grupo de deputados, liderados pelo deputado Paulinho da Força, veio a ideia para constituir uma nova legenda que tinha e que tem projeto que vem ao encontro das necessidades do país, dos trabalhadores e do setor produtivo. Isso me encantou e a partir daí eu discuti isso com o meu grupo político. Nós nos surpreendemos porque tivemos muito pouco tempo para a constituição da legenda em Goiás, mas conseguimos uma força política muito interessante, com dois deputados estaduais, que são candidatos à reeleição e estão totalmente integrados ao projeto do Solidariedade, com mais de 100 vereadores por todo o Estado. Então é uma força política grande e considerável e que está coesa, harmônica e totalmente fechada com a candidatura de Iris Rezende para governador e Ronaldo Caiado para o Senado.
A questão dos deputados, o partido lançou apenas um nome, que é o do seu filho. Para deputados estaduais, as expectativas são de quantos para essa eleição?
Para deputado federal, o Lucas Vergílio é o único candidato do Solidariedade, mas ele integra um chapão junto com as seis demais agremiações. Ele está trabalhando muito. O Lucas tem uma disposição muito grande, é administrador de empresas, empresário. É a juventude, a verdadeira renovação política. Para deputado estadual, nós saímos com cerca de 20 candidatos do Solidariedade em uma coligação com o PRTB, com o PTN, o PPL e o PCdoB. Então é uma coligação com esses cinco partidos e eu acredito que irá eleger oito deputados estaduais. Desses oito, quatro ou cindo devem ser do Solidariedade.
Essa questão da chapa, nós sabemos que tem o PMDB que é fechando com a Dilma Roussef, e tem do DEM e o partido do sr. que não apoiam a presidente. Como vai ficar essa questão?
Nós decidimos não ter palanque nacional, a nossa coligação não tem, mas nós respeitamos a decisão do PMDB que dentro do próprio partido tem divergência, existem pessoas que apoiam e não apoiam a atual presidente. O meu partido nacionalmente, a exemplo do Democratas, fechou apoio a candidatura do senador Aécio Neves que nós também respeitamos. Existem partidos na nossa coligação que está apoiando nacionalmente o Eduardo Campos, que é o caso do PPL. E nós temos isso nas outras coligações, com exceção do PT que saiu de chapa pura. Então nós resolvemos que vamos respeitar a posição de todos. O que realmente vamos buscar é o apoio, o voto é para Iris Rezende, governador, Ronaldo Caiado, senador e os candidatos a deputados federal e estadual das coligações que integram a nossa aliança.
Nós sabemos que houve aquele imbróglio que atingiu a chapa da base governista pouco tempo antes das convenções, inclusive o nome de Magda Moffato foi citado como opção para a vice. Como o sr. viu isso?
Em primeiro plano mostra o desentendimento que houve entre eles porque tomaram uma decisão de cúpula de impor candidaturas, tanto no Senado, quanto a vice-governador, ou seja, você percebe claramente que não foi como eles tentaram fazer parecer o tempo todo, que a decisão veio de encontros regionais e etc. Foi algo enlatado, que estava pronto e que acabou suscitando ali no final um descontentamento que não era só do PR da Magda, mas também pelo menos do PTB, fortemente contrário aquilo. Acabaram que impuseram ao PP que integrasse ao “chapão” de deputado estadual para que tudo fosse contornado. Mas isso é um problema deles, eu acho que aliança foi construída, mas que acabou se desestabilizando um pouco e acabou mexendo na própria base inteira. A campanha já está começando, já estamos indo às ruas e agora é mostrar as propostas para poder realmente ganhar e, se possível, nós vamos buscar sim, com bastante determinação, a eleição no dia 5 de outubro. Nós vamos ganhar no primeiro turno.
Por conta de toda a discussão das alianças que ocorreu dentro do PMDB, que atrasou o processo, agora vocês já começam de fato a campanha?
Na verdade, o governador já estava em campanha com a mídia, o próprio Vanderlan já estava em campanha, o ex-prefeito de Anápolis também já estava em campanha há quatro meses e o Iris não. Ele decidiu há pouco tempo antes da convenção, então agora que vai ser realmente o nosso contato com as ruas. O que nos anima muito é que ele já está muito bem posicionado em qualquer pesquisa séria que se faça, ele tem 35% e não era candidato. Vamos pegar os municípios, mostrar as nossas propostas, porque nós vamos visitar todo o Estado. Nós vamos ter todo esse exercito de mais de 200 candidatos a deputado estadual, mais de 30 candidatos a deputado federal e sete partidos que integram a aliança. Eu não tenho dúvida de que ele vai subir muito e rapidamente.
Existe a possibilidade de dividir o grupo em três, com o sr. caminhando em um lado do Estado, Ronaldo Caiado em outro e Iris Rezende em outro?
Existe. Nesse primeiro momento talvez isso não seja necessário, mas depois em um segundo momento vai ter que ser feito dessa forma, nós vamos dividir em três ou até mais, em quatro ou cinco forças tarefas para multiplicarmos isso por todo o estado.
E isso está previsto para quando. Agosto?
Acredito que sim. Acho que para segunda quinzena de agosto já vai ter um planejamento muito mais intenso porque também já começa a propaganda de rádio e de televisão.
A base hoje está um pouco dividida, os partidos estão divididos entre si, PMDB com uma chapa, o PSB com sua chapa e o PT com chapa diferente. Essa desunião das oposições facilita o trabalho do governador?
Acredito que não. Todos têm o direito legitimo de colocar o seu projeto, mas eu não tenho nenhuma dúvida de que nós nos uniremos em um eventual segundo turno. Mas como eu disse, eu espero que o Iris vença no dia 5 de outubro. Caso isso não ocorra, o PT, o PSB e os partidos que integram essas coligações, todos estarão juntos com Iris Rezende para que nós possamos vencer no segundo turno.
O sr. estava fazendo parte do governo até pouco tempo. Marconi nega que não tenha aceitado o apoio que tinha sido feito entre o Governo Federal e o governo Alcides Rodrigues para salvar a Celg. Como isso foi discutido lá dentro do governo?
Eu sei que houve um desinteresse muito grande em resolver a questão. Houve muita vaidade, muito pouco desprendimento e não houve verdadeira vontade para se resolver o assunto que é muito importante para a população. Iris Resende vai resolver, já nos primeiros dias de governo, esse problema da Celg porque ele é realmente prioritário.
A base aliada pode trabalhar com ataque a Iris. Vocês estão preparados para receber esse tipo de ataques, e como vocês pretendem trabalhar essas questões?
Que bom se eles levantarem isso porque vai ser uma boa oportunidade de nos lembrarmos das administrações exitosas, não vamos muito longe não. O Iris era prefeito de Goiânia até 2012 e fez uma grande administração na capital, tanto é que ele foi reeleito no primeiro turno com uma votação maciça e um número expressivo de votos. Se perguntarmos para os goianienses, todos reconhecem que foi uma administração diferenciada, moderna, eficiente e eficaz para as pessoas. Então nós temos que responder com a verdade, e a verdade é que Iris fez, sabe fazer e vai fazer muito. Nós vamos fazer em 16 meses muito mais do que o pouco que eles fizeram em 16 anos, ou que eles não fizeram em 16 anos.
Porque candidato a vice-governador e não a sua reeleição?
Você precisa ter muita coragem, muito desprendimento, muita determinação para poder enfrentar um desafio tão grande, mas é por amor a Goiás. Não estou fazendo trocadilho com o nome da coligação, eu acredito verdadeiramente que estava na hora de mudar, de ter uma alternância que pudesse reoxigenar a administração pública do Estado. Eu não vim para a política para me fazer na política. As oportunidades que eu tive, saúde e um pouco de disposição para que eu pudesse ser uma pessoa vencedora do ponto de vista profissional, da minha vida empresarial. Então eu vim para a política por ideologia pura e eu acredito que existam muitos bons políticos, pessoas do bem, de bom caráter, interessadas realmente em fazer da política um instrumento de transformação e para mudar a vida das pessoas. É por isso que eu, de forma bastante decidida, me uni a esse projeto, porque é isso que Goiás está precisando agora.
Mas a sua candidatura fortalece o seu partido não é?
Fortalece. Em primeiro lugar porque vamos ganhar a eleição. Em segundo lugar porque nós vamos aumentar nossa bancada de deputados estaduais de dois para quatro ou cinco e terceiro porque vamos eleger um deputado federal. O partido continuará tendo um deputado federal, vai ter um vice-governador do Estado e vai, obviamente, dentro dos seus programas, das suas propostas e do seus projetos, agregar muito valor na governabilidade.