Um dia depois de Donald Trump anunciar a retirada dos EUA do Acordo de Paris, o governo francês disse na sexta-feira (2) que vai redobrar seus esforços para limitar as emissões de carbono.
A declaração foi feita pelo proeminente ambientalista francês Nicolas Hulot, que assumiu em maio o Ministério do Ambiente. “[O acordo] não está morto. Pelo contrário. A França, em vez de reduzir suas ambições, vai revisá-las para cima e incentivar diversos outros países.”
“A França tem a intenção de manter e reforçar sua liderança diplomática neste tema”, disse Hulot. Paris foi, afinal, o cenário da assinatura do acordo em dezembro de 2015 por 195 partes.
O Acordo de Paris é a principal iniciativa global para frear as mudanças climáticas, com o compromisso de manter o aquecimento da Terra abaixo de 2°C em relação à era pré-industrial até o fim do século, tentando limitá-lo a 1,5ºC.
“A gravidade deste assunto está bem documentada e todo o mundo está ciente dos esforços consideráveis que fizemos para estar à altura deste desafio. Ainda assim, o presidente dos EUA decidiu conscientemente se retirar”, Hulot afirmou em uma entrevista de manhã. “É calamitoso para o planeta.”
O presidente francês, Emmanuel Macron, já havia reagido na véspera de maneira dura ao anúncio de Trump em uma mensagem gravada em inglês, dizendo que o governo americano cometera “um erro para os interesses de seu país, seu povo e o futuro do planeta”.
“A França acredita em vocês [EUA], o mundo acredita em vocês, mas não cometam um erro com o clima. Não há plano B porque não há planeta B”, disse Macron.
A chanceler alemã, Angela Merkel, também criticou a decisão de Trump, afirmando em uma nota que seu país continuará com “todos os esforços de política climática para salvar a Terra”.
Diversos outros governos europeus, como o italiano, se pronunciaram na quinta (1º) e na sexta (2) reforçando seu comprometimento com o acordo e oferecendo auxílio para que países em desenvolvimento se adaptem ao texto.
O comissário europeu para o ambiente, Miguel Arias Canete, afirmou na sexta (2) que o Acordo de Paris não pode ser rediscutido, ao contrário daquilo sugerido por Trump.
“O acordo é adequado a sua proposta. Está aqui para ficar e os 29 artigos não serão renegociados”, disse a repórteres após reunir-se com sua colega chinesa.
A União Europeia e a China forjaram o que o jornal britânico “Financial Times” chamou de “aliança verde” para combater a mudança climática e contrapor-se à decisão americana. Bruxelas e Pequim, segundo o diário, acordaram medidas para reduzir o uso de combustíveis fósseis de maneira rápida.
‘SOBERANIA’
Trump justificou a decisão de retirar os EUA -o segundo maior emissor de carbono do mundo- do Acordo de Paris porque, disse, o texto enfraquece a economia americana e sua soberania.
O compromisso assumido pelo país era de reduzir de 26% a 28% as emissões dos gases causadores do efeito estufa até 2025. O governo de Barack Obama havia sido um dos fiadores do tratado.
“Com um crescimento de 1%, as fontes renováveis de energia podem atender a nossa demanda doméstica. Mas, com um crescimento de 3% ou 4%, que é o que eu espero, precisamos de todas as formas de energia disponível para o nosso país”, Trump afirmou na quinta (1º).
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